Alimentos pressionam IPC-Fipe

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Problemas de entressafra e commodities agrícolas mais caras puxaram para cima a inflação medida pelo Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10), que subiu 1,02% em novembro, quase cinco vezes a taxa de outubro (0,21%). O resultado foi o maior em 19 meses, e surpreendeu analistas, que esperavam uma taxa de, no máximo, 1%.


O período de coleta de preços do indicador de novembro ocorreu entre os dias 11 de outubro e 10 de novembro.

Problemas de entressafra e commodities agrícolas mais caras puxaram para cima a inflação medida pelo Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10), que subiu 1,02% em novembro, quase cinco vezes a taxa de outubro (0,21%). O resultado foi o maior em 19 meses, e surpreendeu analistas, que esperavam uma taxa de, no máximo, 1%.


O período de coleta de preços do indicador de novembro ocorreu entre os dias 11 de outubro e 10 de novembro. Para o coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros, a inflação alta neste mês não deve se repetir em dezembro.


‘A taxa de novembro é uma ocorrência isolada. Há fatores que a explicam, claro, mas que vão se esgotar’, afirmou. Por isso, ele espera uma taxa inferior no último mês do ano.


Entre os fatores que puxaram para cima o resultado do IGP-10 está o comportamento dos preços dos produtos agrícolas no atacado. Os preços no setor subiram 5,42% em novembro, ante uma alta de 2,08% em outubro. Isso fez com que os preços no atacado disparassem: houve uma alta de 1,45% no setor, acima da elevação de outubro (0,26%) e a mais intensa em mais de dois anos.


‘Pode-se dizer que 95% da aceleração do IGP-10 deve-se ao atacado’, afirmou Quadros. ‘E cerca de dois terços dessa aceleração no atacado deveram-se às matérias-primas agropecuárias’, afirmou.


Entre os destaques nesse segmento, Quadros citou as altas dos preços do milho (14,21%); do arroz (14,40%) e da soja (11,30%). ‘No caso da soja, o produto foi responsável, sozinho, por um quarto da aceleração do IGP-10 em novembro’, afirmou o economista da FGV.


Outro fator que colaborou para a taxa maior do IGP-10 foi a perda de força na deflação dos preços de combustíveis e lubrificantes no atacado. Isso se deve a dois motivos: influência do recente aumento na mistura do álcool na gasolina, de 20% para 23%; e nova alta na cotação do barril de petróleo no mercado internacional.


No varejo, os preços também aceleraram. A alta no setor dobrou, de outubro para novembro (de 0,10% para 0,20%), pressionada por alimentos mais caros. ‘Esse setor sofreu impacto de alta dos alimentos in natura, mas também houve repasse dessas altas (dos produtos agrícolas) do atacado para o varejo.’


Assim como no atacado e no varejo, os preços da construção civil também subiram mais – mas em menor magnitude. A inflação no setor passou de 0,14% para 0,23%, de outubro para novembro. De janeiro a novembro, o IGP-10 acumula elevação de 3,56%. Nos últimos 12 meses, a alta é de 3,62%.


Quadros reiterou a possibilidade de o IGP-10, assim como os outros IGPs calculados pela FGV, fecharem o ano com alta em torno de 3,5%. ‘Mas pode ser até um pouco acima disso’, admitiu o economista. Isso porque a soja, que é o produto agrícola de maior peso na formação da inflação do atacado, não parou de subir ainda. ‘Pode ser que o produto continue pressionando para cima os preços do atacado até o fim do ano’, disse.

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