Lula mantém Guido Mantega na Fazenda

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“Ele não deixará o governo por causa de especulação de um ou de outro”, diz o presidente


O ministro da Fazenda, Guido Mantega, será mantido no cargo. A confirmação é do próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva, reeleito no domingo, em entrevista ontem à TV Bandeirantes. “Mantega continua ministro até quando eu quiser. Sou eu que digo quem vai ser o ministro. Ele não deixará o governo por causa de especulação de um ou de outro”, disse. Contudo, Lula não foi claro sobre a permanência de Mantega no cargo a partir de 1º de janeiro de 2007.

“Ele não deixará o governo por causa de especulação de um ou de outro”, diz o presidente


O ministro da Fazenda, Guido Mantega, será mantido no cargo. A confirmação é do próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva, reeleito no domingo, em entrevista ontem à TV Bandeirantes. “Mantega continua ministro até quando eu quiser. Sou eu que digo quem vai ser o ministro. Ele não deixará o governo por causa de especulação de um ou de outro”, disse. Contudo, Lula não foi claro sobre a permanência de Mantega no cargo a partir de 1º de janeiro de 2007. O presidente fez questão de ressaltar que a política econômica seguida nos últimos quatro anos “é do governo”. “Não era uma decisão do Palocci, é do governo”, afirmou ele referindo-se a Antonio Palocci, ex-ministro da Fazenda.


O dia pós-eleição foi marcado por especulações sobre mudanças na política do governo e de integrantes da equipe econômica. A afirmação do ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, de que acabou a era Palocci contribuiu para este clima de especulações.


Durante o dia, o disse-me-disse sobre os rumos da economia no segundo mandato de Lula forçou o Planalto a divulgar nota oficial, na qual afirmou a permanência de Mantega no cargo. Por meio de nota assinada pelo porta-voz, André Singer, o Planalto tentou abafar as especulações sobre as mudanças na equipe econômica. “Diante de rumores sobre uma suposta substituição do atual ministro da Fazenda, o pesidente da República reafirma que só a ele cabe indicar ministros e que o ministro escolhido por ele para ocupar a pasta da Fazenda chama-se Guido Mantega”, disse Lula na nota.


A permanência de Mantega, contudo, já era articulada nos bastidores do governo antes mesmo da reeleição de Lula. O chamado “grupo desenvolvimentista” defende a permanência do ministro, para conduzir uma política monetária, a partir de 2007, que permita queda mais rápida da taxa real de juro e um ritmo mais forte de crescimento da economia.


Segundo os mesmos informantes, Mantega tem apoio da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, apontada como o nome mais forte do segundo mandato de Lula. A força de Dilma no governo está sendo comparada à do ex-ministro José Dirceu, em seus primeiros meses na Casa Civil, antes do escândalo envolvendo o seu assessor Waldomiro Diniz.


Sem pressa. Em entrevista ao Jornal Nacional, da Rede Globo, Lula manteve o tom das entrevistas dadas antes aos jornais da TV Bandeirantes e “TV Record. Reafirmou que não tem pressa em mudar seus ministros e que as metas para seu segundo governo, a partir de 1º de janeiro, são crescimento econômico de 5%, manter o controle da inflação e garantir educação de qualidade. “Não vou trocar ninguém agora e não pretendo fazer grandes mudanças. Se especula muito sobre isso. Convocação da seleção e indicação para ministérios, no Brasil, é assim mesmo, todo mundo acha que pode dar palpite”.


A equipe será montada de acordo com forças que o apoiaram. “É assim em qualquer lugar do planeta Terra que seja democrático. Vou priorizar os critérios de competência técnica e de compromisso programático, razões pelas quais vencemos a eleição. Aprendi muito e sei o que tenho que fazer para acertar mais”, explicou.


Lula criticou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que durante o dia fez críticas a ele, num almoço com empresários em São Paulo e cobrou a “agenda do crescimento”. “Ele deveria ter o pensamento mais positivo. Vive instigando para que as coisas não dêem certo. Eu não tenho projeto de interesse pessoal. São projetos do governo, de interesse público, de 190 milhões de brasileiros. Portanto acredito que os congressistas os apóiem e votem neles. O resultado da eleição nós convida a sermos ainda mais responsáveis do que já fomos em outros momentos”, comentou.


Reafirmou que o programa Bolsa Família – que reconhece ter sido um dos responsáveis pela sua reeleição -“pode melhorar com os reajustes e correções necessárias.” Mas argumentou que pretende investir mais nos programas chamados de “portas de saída”. “Nós queremos que as pessoas possam ganhar o seu dinheiro com o seu próprio trabalho. Contudo, temos que reconhecer que com o Bolsa Família e com o aumento do salário mínimo diminuímos a pobreza em 19%. Mas eu quero mais. Nós precisamos exterminar a pobreza nesse país.”


Sobre a fala do ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, de que a era Palocci teria chegado ao fim, o presidente Lula foi lacônico. “Não existe era Palocci, mas era do governo”. E acrescentou: “O fato de o país poder crescer mais é resultado do controle da inflação, do superávit de 25% que obtivemos e vai permitir, no segundo mandato, o crescimento de 5%, que a inflação continue controlada e uma educação de melhor qualidade.”


Ministro defende, agora, o avanço na agenda econômica


O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou ontem que alguns temas da agenda econômica, como a aprovação da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, precisam ser tratados ainda este ano para garantir um crescimento mais acelerado da economia a partir de 2007. Mantega voltou a afirmar que a política econômica no segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, reeleito no domingo, será uma continuação do primeiro, mas “dentro de uma nova fase mais desenvolvimentista”. Disse ainda que deseja fechar 2006 deixando “uma base para que esse desenvolvimentismo possa acontecer de forma plena”.


Nos três primeiros anos do governo Lula, a economia brasileira cresceu 0,5% (2003), 4,9% (2004) e 2,3% (2005). A previsão do mercado financeiro é que neste ano fique em torno de 3%, abaixo do desempenho de outros países emergentes.


Além de mencionar a Lei Geral, Mantega salientou a necessidade de se iniciar a discussão da reforma tributária. “A primeira fase foi importante. Trouxe um equilíbrio ao país. Eliminou problemas que haviam sido herdados de uma gestão anterior. Portanto, agora entramos em uma nova fase em que o crescimento será mais intenso, mais vigoroso e com mais geração de empregos. Esta será a tônica do novo governo”, afirmou o ministro a jornalistas na portaria do ministério.


Questionado sobre a manutenção ou não da atual equipe econômica, o ministro disse que até o momento tudo é especulação. “Não conversei (com Lula sobre o tema), porque estávamos fazendo a campanha de reeleição. Não discutimos esse assunto. Está na cabeça de algumas pessoas”, afirmou. “Isso não é preocupação que se coloque agora.”


Ao ser indagado se pretende permanecer no comando da Fazenda, Mantega também disse que “esta não é pergunta que se coloque”. Mantega estava em São Paulo, onde votou, e retornou a Brasília junto com o presidente Lula. “(Ele) estava muito feliz. Muito satisfeito de ter ganho a reeeleição”, comentou.


Na avaliação do ministro, o comportamento da oposição será cooperativo, “porque agora a campanha terminou”. “Os interesses mudam e eu diria que a oposição também está preocupada com a melhoria do país e a realização de reformas .”


Política econômica será mantida, diz Bernardo


O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, afirmou ontem que as linhas gerais da política econômica no segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva serão mantidas. “Acho que a política econômica do presidente é reconhecidamente bem-sucedida e foi uma das marcas deste primeiro mandato. Não tenho dúvidas de que ela foi um dos pilares que deram sustentação à popularidade e ao sucesso eleitoral do presidente. Portanto, acho que, em linhas gerais, a política vai ser mantida”, disse o ministro.


Fazendo coro com as declarações de outros ministros, Bernardo também apontou que a questão do crescimento econômico terá maior ênfase, o que deve provocar alguns ajustes na política econômica. “O presidente e creio que 101% das pessoas no Brasil acham que nós precisamos ter mais crescimento, avançar em direção da geração de mais empregos e, portanto, me parece natural que haja algumas adequações no conjunto da política”, disse.


Segundo Bernardo, esses ajustes seriam feitos na área fiscal e tributária. Evitando dar detalhes, o ministro afirmou que as medidas em estudo na área fiscal são as que já foram relatadas na imprensa, como, por exemplo, a aplicação de um redutor nas despesas correntes do governo, e na área tributária desonerações, “ainda que setoriais”. “A nossa expectativa é fazer isso (medidas na área fiscal e tributária) combinado com a possibilidade de continuar baixando a taxa de juros e com isso conseguir reunir condições para destravar de vez o processo de crescimento”, explicou.


Questionado sobre se o segundo mandato terá uma cara mais desenvolvimentista, como disse o ministro da Fazenda, Guido Mantega, Bernardo respondeu rindo: “O governo já tem essa cara”.




Juros Menores 


Bernardo afirmou que na área fiscal e tributária poderão ser adotadas medidas para ajudar o Banco Central a reduzir mais rapidamente a taxa de juros. “Há um clamor para que a taxa de juros baixe mais rapidamente. Nós temos que ajudar o BC a fazer isso, e acho que essas medidas na área fiscal e tributária podem ajudar nesse sentido”, afirmou.


Bernardo explicou que Lula deve reunir rapidamente seus ministros para dar as diretrizes e tomar decisões. “Ele (presidente) disse, em uma das nossas reuniões, que pretendia tomar medidas para serem encaminhadas ao Congresso no início do ano que vem. Não sei ele vai mudar essa disposição. Como ele, além de presidente, é presidente reeleito, ele pode tomar definições para o próximo período sem qualquer dificuldade”.


O ministro vê condições políticas para uma segunda fase da reforma tributária, que prevê a unificação do ICMS, avance no Congresso. “Temos um novo Congresso eleito e acredito que a crise política tende a ser dissipada. Nós vamos ter a continuidade das investigações (dossiê Vedoin), no âmbito do Ministério Público, da Polícia Federal, e do Judiciário. Acredito que o Congresso vai ter condições de se debruçar também mais detidamente sobre essa agenda. Então, tem todas as condições de avançar bastante, se for feito um bom diálogo”, disse Bernardo.


 


 

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