Economistas erram todas as previsões feitas para 2006

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Gustavo Freire



A maioria das projeções do mercado financeiro para o desempenho econômico do país em 2006, feitas no final do ano passado, não se confirmaram. Na última semana de 2005, os analistas ouvidos pelo Banco Central na Pesquisa Focus diziam que a inflação ficaria este ano nos 4,5% fixados como meta pelo governo, mas a taxa ficará pouco acima de 3%.

Gustavo Freire



A maioria das projeções do mercado financeiro para o desempenho econômico do país em 2006, feitas no final do ano passado, não se confirmaram. Na última semana de 2005, os analistas ouvidos pelo Banco Central na Pesquisa Focus diziam que a inflação ficaria este ano nos 4,5% fixados como meta pelo governo, mas a taxa ficará pouco acima de 3%. O mercado apostava ainda que os juros básicos (Selic) chegariam neste mês a 15% ao ano, mas os juros estão em 13,25% ao ano.


Participante do levantamento feito semanalmente pelo Banco Central entre instituições de mercado e analistas, o economista Carlos Thadeu Filho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), diz que a raiz dos equívocos está na trajetória da taxa de câmbio. No final de 2005, o mercado acreditava que o dólar estivesse valendo R$ 2,40 neste fim de 2006. Ontem, a taxa era de R$ 2,14.


Com o câmbio mais valorizado, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficaria na meta de 4,5% fixada pelo Conselho Monetário Nacional. Em vez disso, o câmbio ajudou a segurar os preços e o índice fechará 2006 mais de um ponto percentual abaixo da meta. Isso explicaria também o erro de previsão da Selic. “A inflação mais baixa abriu espaço para a queda maior dos juros”, disse.


A culpa pelo erro na projeção de câmbio, segundo Thadeu Filho, foi da balança comercial. Não se esperava, no final de 2005, que o superávit da balança terminasse este ano em US$ 45 bilhões. Na época, a estimativa era de US$ 36,98 bilhões. “Os bons preços de commodities e o crescimento mundial deram fôlego a nossas exportações”. Resultado: entrada maciça de dólares e queda da cotação.


O câmbio mais baixo, em contrapartida, prejudicou a atividade econômica. O crescimento das importações gerado pela valorização do real e as dificuldades de alguns setores exportadores frustraram a expectativa de que o Produto Interno Bruto (PIB) tivesse expansão de 3,5%. A previsão agora é de 2,76%.

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