Salto de vendas no Natal foi maior no 1º mandato de FHC

Compartilhe:

O grande salto de consumo no Natal ocorreu nos meses de dezembro do primeiro mandato do governo Fernando Henrique Cardoso. Entre 1995 e 1998, o número de consultas para vendas à vista e a prazo aumentou, em média, 18% ao ano. É o triplo da taxa de crescimento nos quatro anos do governo Lula.


Os cálculos foram feitos a partir do total das consultas para vendas à vista e a prazo da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), que é uma espécie termômetro do varejo. Entre 2003 e 2006, o desempenho do comércio em dezembro aumentou, em média, 6,1% ao ano.

O grande salto de consumo no Natal ocorreu nos meses de dezembro do primeiro mandato do governo Fernando Henrique Cardoso. Entre 1995 e 1998, o número de consultas para vendas à vista e a prazo aumentou, em média, 18% ao ano. É o triplo da taxa de crescimento nos quatro anos do governo Lula.


Os cálculos foram feitos a partir do total das consultas para vendas à vista e a prazo da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), que é uma espécie termômetro do varejo. Entre 2003 e 2006, o desempenho do comércio em dezembro aumentou, em média, 6,1% ao ano. Com o empurrão do crédito consignado, o resultado do comércio nos Natais do governo Lula foi bem melhor que no segundo mandato de FHC, entre 1999 e 2002, quando a taxa média foi de 0,40%. Nesse período, as vendas ficaram praticamente estagnadas.


‘Entre 1995 e 1998, foi o melhor momento do comércio, especialmente para as vendas a prazo’, diz o economista da ACSP, Emílio Alfieri. Com a queda abrupta da inflação, o poder aquisitivo da população aumentou e ela foi às compras. Além disso, com o recuo da inflação, os financiamentos que eram pós-fixados passaram a pré-fixados. Isso impulsionou o volume de crédito.


A média de consultas para vendas a prazo, que estava na faixa de 600 mil por mês antes do Plano Real, quase dobrou no Natal. Em dezembro de 1995, as consultas para vendas no crediário atingiram 1,157 milhão, segundo pesquisa da ACSP. Só o movimento do crediário aumentou 48,2% entre 1995 e 1998. Na venda à vista, o acréscimo no número de consultas foi ainda maior, de 63,7% no mesmo período.


MARCHA À RÉ


Com a desvalorização do real, em janeiro de 1999, as vendas do comércio perderam o fôlego por causa da subida dos juros para conter a inflação e a saída de capitais por causa da crise financeira internacional. Em 2001,veio a crise do apagão, que freou as vendas de bens duráveis, como eletrodomésticos e eletrônicos, lembra Alfieri.


O resultado foi que o modelo macroeconômico baseado nos juros elevados levou a um desempenho pífio do comércio no segundo mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso. E esse modelo de juros altos para atingir metas de inflação também foi adotado pelo governo seguinte.


‘O Lula não pegou crise internacional e deveria ter conseguido muito mais’, diz o economista. Mas a opção do governo foi manter o modelo econômico anterior, ressalta o economista. ‘Mudaram apenas as pessoas, mas o arranjo macroeconômico foi praticamente o mesmo.’


Essa avaliação é compartilhada pelo assessor econômico da Serasa, Carlos Henrique de Almeida. Mas o economista acrescenta, no entanto, o que desempenho do comércio no governo Lula foi melhor que o alcançado no segundo mandato do governo FHC, apesar do juros altos, por causa do crédito consignado.


‘O crédito consignado correu por fora dos juros altos’, diz Almeida. Tendo como garantia o salário do trabalhador e com as prestações descontadas na folha de pagamento, essa modalidade de empréstimo permite financiamentos com taxas de juros menores. E isso acabou dando fôlego ao consumo.


Atualmente, o elevado nível de endividamento desacelerou as consultas para vendas a prazo neste fim de ano. Estimativas da ACSP indicam que os negócios com crediário neste mês devem crescer apenas 3,3% ante o mesmo período de 2005. Já o volume de consultas para pagamento à vista deve aumentar mais que o dobro, 6,5%.


‘Faz muito tempo que temos o Natal do presentinho’, diz Alfieri. Ele argumenta que o endividamento elevado e o aumento do salário mínimo são fatores que sustentaram as vendas de menor valor no Natal deste ano. Outro fator que contribui também para isso neste ano é a invasão de produtos importados baratos, especialmente de países asiáticos.


Segundo o economista da ACSP, a venda de produtos de menor valor para o melhor período do comércio do ano não contribui para o aumento do Produto Interno Bruto (PIB). ‘Não estamos saindo do lugar tanto em termos de PIB como em termos de comércio.’


O economista ressalta que a taxa real de juros, isto é, que a Selic descontada a inflação, continua num nível elevado nos últimos 12 meses e esse é o principal obstáculo ao deslanche da economia e do comércio.


‘Hoje a Selic está em 13,25% ao ano, para uma inflação de 3,10%. Portanto, o juro real gira em torno de 10% ao ano’, observa. No ano passado, a Selic estava em 16% ao ano e a inflação estava em 6%. A taxa de juros real também era de 10%.


NÚMEROS


18% ao ano

é o quanto aumentou o número de consultas para vendas à vista e a prazo entre 1995 e 1998 na Associação Comercial de São Paulo


6,1% ao ano

é o aumento, em média, das vendas do comércio registradas em dezembro de 2003 a 2006


1,157 milhão

é o número de consultas para vendas a crediário constatadas em dezembro de 1995


 


 

Leia mais

Rolar para cima