Recorde no ingresso de dólares

Compartilhe:

Impulsionado pelos bons resultados da balança comercial, o volume de dinheiro estrangeiro que entrou no Brasil em 2006 foi recorde. O valor líquido, computadas entradas e saídas de divisas, chegou a US$ 37,27 bilhões, o maior volume da série história do Banco Central, iniciada em 1982, deixando para trás o recorde de 1992, quando o ingresso líquido de capital externo foi de US$ 20,771 bilhões. Entraram no país, em 2006, US$ 339,758 bilhões, enquanto saíram US$ 302,488 bilhões. Em 2005, o fluxo cambial ficara positivo em US$ 18,819 bilhões.

Impulsionado pelos bons resultados da balança comercial, o volume de dinheiro estrangeiro que entrou no Brasil em 2006 foi recorde. O valor líquido, computadas entradas e saídas de divisas, chegou a US$ 37,27 bilhões, o maior volume da série história do Banco Central, iniciada em 1982, deixando para trás o recorde de 1992, quando o ingresso líquido de capital externo foi de US$ 20,771 bilhões. Entraram no país, em 2006, US$ 339,758 bilhões, enquanto saíram US$ 302,488 bilhões. Em 2005, o fluxo cambial ficara positivo em US$ 18,819 bilhões. Em 2006, o ingresso de recursos ligados a operações de comércio exterior atingiu US$ 57,598 bilhões, em termos líquidos.


Nas transações feitas no segmento financeiro do mercado de câmbio, onde são contabilizadas operações como pagamento de empréstimos e remessas de lucros, as saídas superaram os ingressos em US$ 20,328 bilhões. Mesmo negativo, o resultado foi o melhor desde 2000, quando o fluxo financeiro ficou positivo em US$ 6,319 bilhões.


Contribuíram para o resultado negativo do ano passado as compras de US$ 12,3 bilhões feitas pelo Tesouro Nacional (operações que são contabilizadas como saída de divisas), as remessas de lucros e dividendos (US$ 15,3 bilhões) e o crescimento dos investimentos brasileiros no exterior gerado por operações como a compra da mineradora canadense Inco pela Companhia Vale do Rio Doce.


COMPRAS. O Banco Central aproveitou a fartura do ano passado e comprou no mercado quase US$ 35 bilhões, levando as reservas internacionais ao recorde de US$ 85,8 bilhões. O lado ruim da avalanche de dólares – pelo menos do ponto de vista dos exportadores – é o efeito sobre a taxa de câmbio. “Em 2006, o BC conseguiu evitar uma valorização mais forte do real com as intervenções no mercado”, disse o economista-chefe da GAP Asset Management, Alexandre Maia. Mesmo assim, o real experimentou no ano passado uma valorização de 8,6%.


Para os exportadores, um dólar fraco é sinônimo de menor rentabilidade. “Não foi por outro motivo que os setores de calçados e de móveis tiveram desempenho tão negativo em 2006”, comentou um analista de mercado.


Neste ano, segundo Alexandre Maia, o cenário de farta liquidez deve se repetir. “Teremos em 2007 mais um ano de tranqüilidade no setor externo”, disse ele, para quem o crescimento econômico mundial é que está por trás do forte ritmo de entrada de dólares no país. “No ano passado, a economia mundial se expandiu a uma taxa próxima dos 5%. Para 2007, as projeções são de um crescimento entre 4% e 4,5%”, comentou.


Para o gerente de câmbio do banco Prosper, Jorge Knauer, a expectativa é que o ingresso de dólares continue forte em 2007. “Acredito que o fluxo vá continuar positivo. As importações devem crescer, mas as exportações continuam fortes. E os investimentos estrangeiros em Bolsa também devem se manter positivos”, afirmou. Mas Knauer ressalta que, apesar do otimismo em relação ao fluxo de dólares, a taxa de câmbio pode ser afetada por outros motivos, como o comportamento da economia mundial e a desconfiança do mercado sobre a intenção do governo de conter os gastos públicos.


A atividade aquecida lá fora aumenta o mercado para os produtos brasileiros. Apesar dos números positivos de 2006, dezembro acabou surpreendendo negativamente. O fluxo de moeda estrangeira no mês passado ficou negativo em US$ 3,463 bilhões, pior resultado desde os US$ 8,587 bilhões de janeiro de 1999, quando a política cambial mudou e o real foi desvalorizado. Mesmo assim, a taxa de câmbio se valorizou em 1,8%. “Pode ter ocorrido algum movimento especulativo nos mercado de derivativos que provocou a valorização de dezembro”, disse o economista-chefe da GAP.


O grande responsável pelos dados negativos de dezembro foi o segmento financeiro, que contabilizou saída recorde de US$ 11,265 bilhões. “O número foi afetado pela compra da Inco pela Vale e pelo próprio aumento sazonal das remessas de lucros e dividendos no fim do ano”, disse um operador. Por outro lado, o superávit de US$ 7,802 bilhões nas operações comerciais foi o maior desde o início da série histórica do BC, em 1982. “Não sei como explicar um número tão positivo no final do ano”, disse Alexandre Maia.

 


 

Leia mais

Rolar para cima