De 2003 ao mês de novembro do ano passado, cerca de 1,3 mil companhias deixaram de exportar. Apesar dos recordes sucessivos nas exportações e no superávit comercial do País, o número de empresas que venderam ao exterior diminuiu 7,6% no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Entre 2003 e novembro do ano passado, 1.349 companhias deixaram de exportar. O crescimento de 71% dos embarques – para US$ 137,47 bilhões em 2006 – foi patrocinado sobretudo por grandes e médias empresas, reforçando um cenário de concentração de ganhos.
De 2003 ao mês de novembro do ano passado, cerca de 1,3 mil companhias deixaram de exportar. Apesar dos recordes sucessivos nas exportações e no superávit comercial do País, o número de empresas que venderam ao exterior diminuiu 7,6% no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Entre 2003 e novembro do ano passado, 1.349 companhias deixaram de exportar. O crescimento de 71% dos embarques – para US$ 137,47 bilhões em 2006 – foi patrocinado sobretudo por grandes e médias empresas, reforçando um cenário de concentração de ganhos.
A iniciativa privada e o governo culpam a valorização do real ante o dólar pela queda do número de exportadores. E desenham cenários diferentes para o futuro.
“O recorde de exportações encobre a queda de competitividade do Brasil,” diz o diretor do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Roberto Gianetti da Fonseca. “O aumento de preços internacionais disfarça isso”.
O secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando de Mello Meziat, declara que a tendência para os próximos anos é a quantidade de exportadores voltar a crescer. Esgrime dados para justificar o otimismo. Entre julho e novembro do ano passado, 538 empresas entraram no mercado exterior, enquanto 287 saíram. Saldo positivo de 251 novos exportadores.
Já o setor privado se mantém pessimista. Como não há perspectiva de mudança de indicadores macroeconômicos, diz Gianetti da Fonseca, o cenário de redução da base exportadora brasileira tende a perdurar. O diretor da Fiesp argumenta que uma taxa de câmbio favorável – ou seja, real mais desvalorizado – é essencial para que cresça o interesse do empresariado no mercado externo. Segundo Meziat, a maior parte das empresas que deixou de exportar é de pequeno porte, ou seja, embarcava até US$ 100 mil por ano e ainda tentava se fixar no mercado externo.
Apreciação assimilada
Em 2003, 117 empresas exportaram mais de US$ 100 milhões cada uma. Os negócios somaram US$ 42,69 bilhões. No mesmo ano, 14.299 empresas exportaram até US$ 1 milhão, fechando US$ 2,09 bilhões. No ano passado, o primeiro grupo cresceu para 182 (US$ 83,57 bilhões). O segundo caiu para 12.068 (US$ 2,17 bilhões). Para Meziat, o crescimento das exportações demonstra que as maiores empresas brasileiras exportadoras já assimilaram os efeitos negativos do câmbio valorizado. O secretário aposta que o mesmo ocorrerá com as empresas de menor porte. Meziat acrescenta que a expansão da “cultura exportadora” do País deve levar mais empresas a buscarem as exportações.
Um dos principais prejudicados pela valorização do real, o setor calçadista procura meios para reduzir os prejuízos causados pelo câmbio. Segundo o diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Heitor Klein, as empresas que tentam vender produtos de marca própria e de maior valor agregado têm obtido maior sucesso no mercado internacional.