Nilson Brandão Júnior
A quantidade de operações de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) cresceu 30% em 2006 na comparação com o ano anterior. Foram 49.047 operações, que somaram R$ 8,107 bilhões. Na avaliação do banco, os dados dos desembolsos em dezembro e janeiro indicam uma retomada de investimentos das empresas de menor porte.
Nilson Brandão Júnior
A quantidade de operações de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) cresceu 30% em 2006 na comparação com o ano anterior. Foram 49.047 operações, que somaram R$ 8,107 bilhões. Na avaliação do banco, os dados dos desembolsos em dezembro e janeiro indicam uma retomada de investimentos das empresas de menor porte.
Segundo o superintendente de operações indiretas do banco, Cláudio Bernardo, as informações iniciais deste mês confirmam a tendência, mais forte, por exemplo, nas empresas dos setores de comércio e serviços. Ele reconhece que o avanço da massa salarial e da demanda interna no País no ano passado influenciam os projetos dos dois segmentos econômicos, mais voltados para o público interno, e deverão estimular as atividades também em 2007.
O banco, um importante financiador do setor industrial no País, também está emprestando para empresas de menor porte – com faturamento anual até R$ 60 milhões. As estatísticas relativas às micro, pequenas e médias empresas mostram que, em 2006, a quantidade de operações para os segmentos de alojamento e alimentação cresceu 161,64%, atividades imobiliárias e prestação de serviços a empresas 90,46%, comércio e reparação 121,31%, saúde e serviço social 99,64%.
Uma das estratégias é “dar o máximo de acesso possível” de financiamento às empresas de menor porte. Um dos principais veículos para a expansão de empresas atendidas é o cartão de crédito do BNDES, com bandeiras Visa e Mastercard.
Garantia do próprio bem
O cartão BNDES permite acesso a um portal de internet que apresenta fornecedores de produtos para a contratação por parte das empresas. O financiamento pode ser pago em até 36 meses, com parcelas fixas e juros de 1,07% ao mês. Bernardo conta que algumas das vantagens do cartão são a praticidade, o limite de crédito pré-aprovado, o ambiente de negócios via internet e a concretização virtual dos negócios.
“Uma das vantagens deste cartão é que ele não exige garantias reais”, disse Demian Fiocca, presidente do banco, numa apresentação sobre o cartão. A garantia é o próprio bem comprado. No caso de inadimplência, o banco toma o bem. “Isso elimina um dos maiores gargalos do crédito para os pequenos.” Cerca de 92 mil cartões foram emitidos, sendo 80% para microempresários.
O superintendente Cláudio Bernardo estima que o valor financiado pelo cartão ano passado, de R$ 225 milhões, deverá ser pelo menos duplicado este ano. Por isso, reconhece que este é um dos vetores do crescimento no financiamento para as micro, pequenas e médias empresas.
Além de equipamentos, desde o fim do ano passado permite também a compra de insumos, inicialmente para as cadeias têxtil e de couro e calçados. Outras cadeias produtivas deverão passar a ser atendidas pelo cartão, como móveis, petroquímica de menor porte e metalomecânica.
Empréstimos do BNDES são mais atrativos
Andrea Vialli
Apesar do crescimento do número de empresas que tomam crédito livre no mercado, os financiamentos via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) são mais atrativos para empresas que estão investindo em projetos de expansão a longo prazo. É o caso da Suzano Petroquímica, que tomou recursos para tornar viável o projeto de expansão, que pretende aumentar sua produção em 40%.
Para financiamentos de longo prazo, a empresa pegou emprestado R$ 95 milhões com o BNDES, corrigidos pela Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP, atualmente em 6,5% ao ano) e mais 3% ao ano. Desse montante, R$ 20 milhões foram liberados no final de 2006, diz Andrea Pereira, diretora de relações com investidores da Suzano Petroquímica. Mesmo com a taxa Selic em queda, a empresa optou por não emprestar de bancos privados. “Hoje se tornou mais acessível e vantajoso tomar crédito pelo BNDES, pois a TJLP está caindo”.
Outro motivo que fez a empresa optar pelo crédito do BNDES é o câmbio. Segundo Andrea, tomar recursos no exterior cria exposição ao risco de valorização do dólar, com a instabilidade cambial. “Como nossas receitas são em real, é arriscado tomar empréstimos lá fora”.
A executiva vê com bons olhos a queda das taxas de juros ocorrida durante o governo Lula. “A redução das taxas de juros é essencial para a competitividade da empresa, uma vez que concorrentes internacionais têm chances de conseguir recursos a custo mais baixo.”