Os sinais de aceleração dados pela economia no quarto trimestre de 2006 devem se repetir no primeiro trimestre desse ano. Na avaliação de economistas, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) na margem (comparação com o trimestre imediatamente anterior) deve girar em torno de 1%, mesmo patamar do fim do ano passado. A expectativa positiva se baseia na avaliação de indicadores antecedentes e na manutenção das boas condições para fatores cruciais para a expansão econômica no fim do ano, como o consumo das famílias (55% do PIB) e o aquecimento da construção civil.
Os sinais de aceleração dados pela economia no quarto trimestre de 2006 devem se repetir no primeiro trimestre desse ano. Na avaliação de economistas, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) na margem (comparação com o trimestre imediatamente anterior) deve girar em torno de 1%, mesmo patamar do fim do ano passado. A expectativa positiva se baseia na avaliação de indicadores antecedentes e na manutenção das boas condições para fatores cruciais para a expansão econômica no fim do ano, como o consumo das famílias (55% do PIB) e o aquecimento da construção civil.
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgará novas projeções nesta quarta-feira, mas por enquanto trabalha com uma perspectiva de um PIB 0,9% maior no período de janeiro a março, na série livre de influências sazonais. Isso significará alta de 3,2% em relação ao primeiro trimestre de 2006, número considerado positivo dentro da perspectiva de expansão de 3,6% para o PIB em 2007.
“Dado o ritmo de crescimento do consumo (1,5%) e do investimento (2%) no último trimestre e a esperada estabilidade do comportamento do mercado de trabalho, renda e inflação, o quadro se mantém favorável”, avalia o diretor de Estudos Macroeconômicos do Ipea, Paulo Levy, para quem o Ipea pode revisar para cima a projeção para o desempenho da economia após a divulgação da nova metodologia de cálculo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nos dias 21 e 28 de março.
Juros
Segundo ele, a economia pode se acelerar ainda mais com a tendência de continuidade na redução das taxas de juros, intensificada no segundo semestre do ano passado. Levy acredita que haverá uma redução bem mais significativa do juro real em 2007, de cerca de pontos pontos percentuais, chegando a um patamar de 8% e tendo efeito direto sobre a demanda doméstica. No ano passado ela cresceu 4,3%, contra 2,9% do PIB, patamar que pode ser ainda superior nesse ano.
“A economia deverá refletir a melhora desses fundamentos. O impulso da política monetária deve se associar ao fiscal, com um aumento do consumo por parte do governo e transferências às famílias de baixa renda por programas como o Bolsa Família, que se refletirão positivamente pelo lado da demanda”, avalia Levy. O Ipea também aposta no bom desempenho do investimento, cujo incremento no ano estima em 7,3%, elevando a taxa de investimento como proporção do PIB em cerca de um ponto percentual, para 21,5% em 2007. “Isso reflete tanto o bom desempenho da construção civil, que deve crescer 6,4% contra 4,5% em 2006, quanto o consumo de máquinas e equipamentos. Acreditamos que ele terá alta de 8,8%”, aponta o economista.
Para o coordenador do grupo de conjuntura do Instituto de Economia da UFRJ, Antonio Licha, nos três primeiros meses do ano a economia deve crescer no mesmo nível do quarto trimestre de 2006, em torno de 1,1% na margem. O IE revisou para cima o dado, anteriormente de 1%, em função da surpreendente taxa de crescimento do quarto trimestre do ano. O mesmo vale para o PIB anual, cuja projeção deve subir de 4% para até 4,2%.
Na análise de Licha, são quatro os fatores que contribuirão para a expansão do PIB nesse trimestre: construção civil, setor agropecuário, indústria automobilística e investimento público. A construção civil deve puxar o crescimento de janeiro a março, já influenciada em parte pelo aumento do investimento público em função do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
O IE estima que o governo invista R$ 10 bilhões a mais em 2007, chegando a um total de R$ 25 bilhões. A recuperação do setor agropecuário, que tem um peso de 10% no PIB pelo lado da oferta, também deve se refletir na conta do primeiro trimestre.
Segundo Licha, o único fator que pode pesar negativamente no primeiro trimestre é o fato da indústria estar com estoques ainda elevados em função da recomposição realizada no quarto trimestre do ano passado. “Isso pesou no crescimento da produção industrial de outubro a dezembro, mas as vendas não foram tão relevantes. Assim, a produção de janeiro a março pode desacelerar um pouco”, observa.
Crédito e juros estimulam consumo
A economista-chefe da Mellon Global Investment, Solange Srour, diz que o acompanhamento da economia no primeiro bimestre mostra que a atividade se mantém aquecida, a exemplo do fim de 2006. “O consumo continua em alta pelos mesmos fatores do quarto trimestre do ano passado: crédito farto, juros menores e salários mais altos”, diz.
Solange projeta crescimento de 1,2% no PIB do primeiro trimestre na comparação com os últimos três meses de 2006 e 3,6% sobre o primeiro trimestre daquele ano.
Além disso, os dados de indicadores antecedentes da indústria, como automóveis, papelão ondulado e fluxo de veículos pesados nas estradas, foram positivos. As vendas do setor de papelão ondulado, considerado a embalagem das embalagens, e, por isso, um dos termômetros da economia, foram de 175,9 mil toneladas em janeiro e representaram crescimento de 1,1 % em relação a janeiro de 2006 (174,0 mil toneladas), segundo a Associação Brasileira do Papelão Ondulado (ABPO).
Outro indicador antecedente citado pelo economista é o resultado positivo da indústria automobilística nos dois primeiros meses do ano. No bimestre, o setor acumula vendas de 299,7 mil veículos, quase 40 mil acima do mesmo período de 2006, de acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
O mês de fevereiro foi também o melhor desde 1997 em termos de unidades comercializadas. A economista da Mellon Global aponta um crescimento de 4,2% da produção industrial brasileira no ano e expansão de 3,7% do PIB.
carregaemento estatístico. Em relatório, o Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco afirma que o resultado do PIB do 4º trimestre de 2006 reforça a percepção de que a recuperação econômica iniciada no trimestre passado deverá manter-se ao longo de 2007. O documento destaca que após o forte desempenho do fim do ano, 2007 começa com um carryover (carregamento estatístico) maior do que o de 2006 (1,4% ante 0,5%).
“Acreditamos que a recuperação iniciada no segundo semestre de 2006 manter-se-á ao longo dos próximos trimestres. Para este ano, mantemos a nossa projeção de 3,6% para o crescimento do PIB, mas com viés de alta, diante do cenário benigno que se desenha”, informa a equipe econômica do banco, frisando que suas estimativas serão refeitas após a divulgação da nova metodologia de cálculo do IBGE.