Nas duas últimas semanas de março, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgará novo retrato da economia do país.
Nas duas últimas semanas de março, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgará novo retrato da economia do país. Baseado em nova metodologia usada pelo instituto, o cálculo do PIB (Produto Interno Bruto) será mais fiel à realidade, mas os resultados estarão mais sujeitos à revisão após sua primeira divulgação.
O novo cálculo incluirá pesquisas que o IBGE começou a fazer na década de 1990, mas cujos resultados só agora serão considerados na hora de estimar o PIB, a medida mais abrangente de produção de bens e serviços na economia.
Os resultados das pesquisas anuais de comércio, indústria, serviços, construção civil e economia informal passarão a ser contabilizados.
O instituto também terá acesso aos dados do Imposto de Renda das empresas, organizados de acordo com o setor de atividade em que operam, e os considerará no cálculo. O acesso aos dados permitiu, por exemplo, que o IBGE conseguisse medir a contribuição de instituições sem fins lucrativos, como universidades, igrejas e ONGs, ao crescimento.
A inclusão das pesquisas e do IR permitirá que o instituto cheque melhor os modelos, pesos e valores que usa para medir a economia. Mas, como essas pesquisas ficam prontas geralmente 15 meses após o final do ano de referência e como o governo demora a liberar os dados do Imposto de Renda, as revisões podem ser maiores.
Ou seja, a expansão de 2006, divulgado na semana passada, poderá ser muito maior ou menor do que os 2,9% estimados, mas o IBGE só saberá definitivamente no final de 2008.
As revisões são comuns em todo o mundo. Como há certa pressa em saber o que ocorre com as economias, os institutos fazem um primeiro cálculo após cada trimestre e depois vão considerando novas informações, à medida que elas ficam disponíveis. Com a nova metodologia do IBGE, cresce bastante o volume de informações usadas, tornando possíveis revisões mais drásticas.
Os dados trimestrais também sofrerão alteração. O instituto reordenou os setores que contribuem para a produção de bens e serviços. Incluiu, junto com setores tradicionais, como telecomunicações, novos serviços -como informática, processamento de dados, distribuição de conteúdo eletrônico. Ou seja, o PIB considerará, de forma explícita, os setores da “nova economia”.
Do lado da economia tradicional, a inclusão de mais dados permitirá, por exemplo, a separação das informações de agricultura e pecuária, antes divulgadas juntas. No setor financeiro, o IBGE vai incluir estatísticas de fundos de investimento.
A maneira como o IBGE mede a contribuição do governo para o PIB também mudará. Essa era a parcela do PIB mais fácil de ser prevista. O crescimento dos serviços prestados pelo governo era estimado com base no crescimento populacional. Como a participação do setor público é de cerca de 15% do PIB, era fácil prever o comportamento dessa parcela.
Agora, a contribuição do governo para o PIB será calculada com base nos gastos de custeio do governo, da variação do número de funcionários e salários públicos e do custo da depreciação de máquinas, equipamentos e instalações do governo. Como não depende só do crescimento da população, a estimativa será mais precisa, mas oscilará mais e será um pouco menos previsível.
É mais difícil calcular a participação do setor público no PIB. Quando uma empresa produz algo, sempre há um preço de mercado para o produto ou serviço, que é usado para o cálculo do PIB. Nem sempre há preços para os serviços públicos, como os de Defesa Nacional ou os de Justiça.
Mudanças similares às feitas na área governamental serão realizadas no setor financeiro. Antes, o crescimento dele era estimado com base no crescimento médio da economia.
Agora, o IBGE calculará o valor dos serviços prestados pelos bancos bem como o da intermediação financeira. Para eliminar o efeito da inflação e saber o quanto cada um cresceu, considerará, no caso dos serviços, a evolução do preço das tarifas. No caso da intermediação, o deflator será o índice mais geral de inflação de uma economia, o deflator implícito do PIB.
No dia 21 deste mês, o IBGE divulgará uma nova série com os dados dos PIBs anuais de 1995 a 2005. No dia 28, sai a nova estimativa para o PIB de 2006.