O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se manteve parcimonioso e anunciou ontem a redução da taxa básica de juros (Selic) em 0,25 ponto percentual, de 13% para 12,75% ao ano, sem viés. É o 14º corte de juros consecutivo promovido pelo Copom desde setembro de 2005. Desde então, a queda acumulada é de sete pontos percentuais.
No comunicado divulgado após a reunião, os diretores do Banco Central (BC) informaram apenas que estão dando prosseguimento ao processo de flexibilização da política monetária, iniciado em setembro de 2005.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se manteve parcimonioso e anunciou ontem a redução da taxa básica de juros (Selic) em 0,25 ponto percentual, de 13% para 12,75% ao ano, sem viés. É o 14º corte de juros consecutivo promovido pelo Copom desde setembro de 2005. Desde então, a queda acumulada é de sete pontos percentuais.
No comunicado divulgado após a reunião, os diretores do Banco Central (BC) informaram apenas que estão dando prosseguimento ao processo de flexibilização da política monetária, iniciado em setembro de 2005. Apesar disso, o juro real ainda continua o maior do mundo, em 8,6% ao ano, segundo a UP Trend Consultoria. Apenas o presidente do BC, Henrique Meirelles, e seis diretores votaram na decisão final. O diretor de Política Econômica, Afonso Bevilaqua, exonerado ontem, não participou.
Outro fato importante na reunião foi a retomada do consenso entre os integrantes do Copom. A última vez que houve concordância foi na reunião de outubro do ano passado, quando a taxa foi reduzida de 14,75% para 14,25% ao ano. Nas duas últimas reuniões houve divisão pelo placar de 5 a 3. Em janeiro, três diretores do BC votaram por uma queda de 0,5 ponto percentual. A maioria, entretanto, optou pelo corte de 0,25 ponto.
O mercado recebeu sem surpresas a decisão de ontem do Copom. A manutenção do ritmo do corte dos juros básicos foi considerada, contudo, importante para reafirmação da independência do Copom, em um ambiente de pressão do governo por menores taxas e de mudanças na diretoria do Banco Central. Os analistas afirmaram que a redução de 0,25 ponto percentual não teve a marca da crise nas principais bolsas mundiais, causada por temor de desaceleração nas economias americana e chinesa. A decisão também aponta que a saída Bevilaqua, alvo de “fogo amigo” do PT e do governo, não alterou a política para a taxa básica da economia, uma vez que foi mantido o ritmo de corte indicado na reunião anterior.
O economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, afirmou que a decisão pelo corte mais cauteloso foi importante por dois fatores: primeiro, porque sinaliza que a crise no mercado internacional foi transitória e não afeta decisões futuras para a política monetária; segundo porque cumpriu a sinalização dada na última reunião, mesmo com a ausência de Bevilaqua. “O BC continuará sendo conservador na queda de juros, que seguirá neste ritmo até que os indicadores da economia, como de produção e Produto Interno Bruto, apontem para crescimento. Isso, claro, mantendo a inflação dentro ou abaixo da meta”, afirmou.
Para Alexandre Póvoa, sócio-diretor da Modal Asset Management, a decisão pelo corte moderado foi influenciada pelas especulações de mudanças na diretoria do BC, mais inclusive do que questões técnicas macroeconômicas. Ele considerou o resultado importante, contudo, porque reafirma a independência do Copom, em um cenário de pressão governamental por maior corte da taxa. “Um corte maior da Selic seria desastroso, assim como seria negativa a ausência de unanimidade na decisão. No lugar da diretoria do BC, brigaria por um corte de 0,25 ponto percentual e pela unanimidade. É um fator subjetivo, mas de grande importância.
Inclusive porque a saída de Bevilacqua, ainda que esperada, ocorreu de forma rápida”, explicou o economista. O economista Miguel José Ribeiro de Oliveira, da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), disse que o corte terá um efeito pequeno nas operações de crédito. “Os consumidores que dependem de crédito podem esperar daqui para frente taxas de juros menores, porém convivendo ainda com juros em patamares extremamente elevados”, afirmou.
Oliveira explicou que existe um deslocamento grande entre a taxa Selic e as taxas cobradas ao consumidor. Na média da pessoa física, esse descolamento atinge 135,53% ao ano, provocando uma variação de mais de 900% ente as duas pontas. Segundo Oliveira, em algumas financeiras, em linhas de empréstimo pessoal, estas taxas chegam a atingir mais de 1.300% ao ano.