País não cresce mais de 3,8%,diz IIF

Compartilhe:

Um relatório divulgado ontem pelo Institute of International Finance (IIF) faz uma leitura negativa da dinâmica da economia brasileira, apesar de reconhecer alguns avanços conseguidos nos últimos anos.

Um relatório divulgado ontem pelo Institute of International Finance (IIF) faz uma leitura negativa da dinâmica da economia brasileira, apesar de reconhecer alguns avanços conseguidos nos últimos anos. Além disso, projeta um crescimento do Produto Interno Bruto de 3,8% neste ano, seguido d e uma desaceleração do ritmo em 2008, para 3,5%.


De acordo com o estudo, o desempenho da economia brasileira no ano passado foi ‘desapontador’ e é conseqüência de problemas estruturais, tais como deficiências nos marcos regulatórios, um mercado de trabalho rígido, ineficiência judiciária e infra-estrutura inadequada.


A falta de reformas econômicas básicas, como a tributária e da Previdência Social, também é apontada como uma das barreiras para o crescimento brasileiro se tornar mais robusto do que tem sido nos últimos anos.


‘Será muito mais difícil e improvável atingir um crescimento maior, de 5% ao ano, sem realizar as reformas básicas, como a fiscal, da Previdência e do trabalho’, afirma o diretor-gerente do instituto, Charles Dallara.


Ele também não prevê um efeito duradouro dos projetos contidos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) na economia. ‘No curto prazo (o impacto do PAC) pode ser significativo, mas no longo prazo deve ser mínimo. Hoje em dia, as economias não ganham altitude no longo prazo por causa do investimento estatal. Elas ganham isso por conta da produtividade, do investimento e da estabilidade financeira’, observou o economista.


Para Dallara, o Estado brasileiro tem se mostrado excessivamente intruso na economia e o conjunto de medidas anunciadas recentemente pelo governo reforça essa visão. ‘O Estado deveria ser mais catalítico e menos central para o investimento. O investimento estatal pode ser catalisador, mas precisa ser mais bem desenhado para receber o investidor externo e ampliar o investimento (privado) interno’, analisa.


O relatório do IIF também aponta que o PAC não ataca pontos fundamentais, como a redução da carga tributária, e deixa de lado a realização das reformas. ‘O plano reduz o superávit primário do setor público para aumentar o investimento, não reduz a carga tributária, uma restrição chave para aumentar o investimento privado, e falha ao não apontar caminhos para aumentar a flexibilidade orçamentária’, escrevem os autores do estudo.


Reservas na Região  


O instituto, que reúne cerca de 350 bancos de 60 países, também analisou outras economias da América Latina e chegou à conclusão de que o crescimento da região continuará forte, apesar de apontar para uma desaceleração que levará a uma alta de 4,5% neste ano, em comparação com a expansão de 4,9% no ano passado.


Para os autores do estudo, é particularmente positiva a formação de reservas internacionais na região, que devem atingir US$ 300 bilhões neste ano, ante os US$ 278 bilhões observados no ano passado, o que trouxe maior segurança para as economias dos países latino-americanos.


Esse fato, entretanto, não afasta a possibilidade de que ocorram sérios problemas na região, no caso de uma mudança negativa – ensaiada recentemente com a queda das bolsas de valores no mundo, sobretudo em Xangai – no cenário global atual, bastante favorável aos países emergentes.


Entre os riscos citados no estudo do IIF estão uma reavaliação maior dos preços dos ativos financeiros e o aprofundamento dos desequilíbrios da economia americana, que ainda mantêm vivo o temor de uma desaceleração brusca.


‘Não acredito que vá ocorrer, porém acho que há uma chance em torno de 20% de os Estados Unidos entrarem em recessão. Os investidores, no entanto, não precisam de um grande choque, mas apenas de um médio para se moverem mais em direção aos Treasuries e saírem dos títulos de países como o Brasil’, conclui Dallara.


 


 

Leia mais

Rolar para cima