A Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda divulgou estudo nesta quinta-feira mostrando que o Brasil já passou para a oitava posição no ranking das maiores economias do mundo. Isso com a revisão dos números do Produto Interno Bruto (PIB) divulgada na quarta pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O valor do PIB brasileiro em 2005, de acordo com os cálculos da Fazenda, atingiu U$$ 1,804 trilhão, convertendo os reais para dólares com base na chamada técnica da “paridade do poder de compra” (PPP).
A Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda divulgou estudo nesta quinta-feira mostrando que o Brasil já passou para a oitava posição no ranking das maiores economias do mundo. Isso com a revisão dos números do Produto Interno Bruto (PIB) divulgada na quarta pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O valor do PIB brasileiro em 2005, de acordo com os cálculos da Fazenda, atingiu U$$ 1,804 trilhão, convertendo os reais para dólares com base na chamada técnica da “paridade do poder de compra” (PPP). Esse tipo de técnica é empregada pelo Banco Mundial (Bird) e outros organismos internacionais para tornar mais realista a comparação dos PIBs de diversos países, considerando não apenas a taxa de câmbio, mas as diferentes condições de demanda, preço e hábitos. Com a simples conversão pelo câmbio, o PIB brasileiro não passa de US$ 882 bilhões, mas, com a ponderação do poder de compra, torna-se duas vezes maior.
O exemplo mais popular de aplicação da “paridade do poder de compra” é o índice Big Mac (o sanduíche mais conhecido da rede McDonald”s), da revista The Economist. O preço em dólares do Big Mac é diferente em cada país do mundo: é muito mais barato na China do que nos Estados Unidos, por exemplo. Por isso, se essas diferenças de preço forem usadas para ponderar a taxa de câmbio, podemos comparar o PIB dos Estados Unidos com o da China.
Não por acaso, o PIB da China pula de US$ 2,228 trilhões para US$ 8,572 trilhões quando usado o critério da paridade do poder de compra, ficando logo abaixo do PIB dos Estados Unidos. Em países onde o custo de vida é mais caro, como Japão e Reino Unido, o uso da PPP tem um efeito contrário, de reduzir o valor do PIB.
As estatísticas do Banco Mundial, que usam esse critério de conversão, ainda apresentam o Brasil com o nono maior PIB do mundo, atrás da Itália, que tem um PIB de US$ 1,667 trilhão. O Brasil aparece com US$ 1,627 trilhão de PIB em 2005, mas isso antes da mudança de cálculo promovida pelo IBGE, que elevou as estimativas em 10,9%. O Ministério da Fazenda aplicou esse percentual de ajuste para chegar aos US$ 1,804 trilhão em 2005.
Com essa atualização, o PIB brasileiro ficaria próximo do francês, que está em US$ 1,829 trilhão. Para ultrapassar a França no ranking do Banco Mundial, é preciso que os números ainda não oficiais de 2006 mostrem o Brasil crescendo pelo menos 1,5% a mais do que a economia francesa.
Bernardo defende IBGE e pede seriedade
O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, rebateu nesta quinta-feira as críticas da oposição à nova metodologia de cálculo do PIB. Ao ser questionado, pela imprensa, se concordava com a avaliação da oposição de que se trata de um PIB virtual, o ministro afirmou que é preciso ser “muito sério” ao tratar desse assunto, “porque o IBGE é um instituto de reputação internacional consagrada”.
Bernardo ressaltou que como qualquer outra instituição de pesquisa, o IBGE está sujeito a críticas, mas que essas mesmas críticas devem ser feitas por quem tem credibilidade e respeitabilidade técnica para fazê-las. “Se for para fazer gracinha, tudo bem. Mas vai ser só uma boa piada”, disse o ministro, ao ressaltar que houve uma avaliação unânime de acadêmicos e institutos de que a modificação da metodologia foi boa.
Na quarta-feira o líder do PSDB na Câmara, deputado Antonio Carlos Pannunzio (SP), disse que a revisão dos números era “suspeita”. O líder do PPS, deputado Fernando Coruja (SC), afirmou que a mudança de metodologia do IBGE visava “escamotear a realidade do país”.
Bernardo disse também que o IBGE não vai submeter a sua nova metodologia à avaliação técnica do Fundo Monetário Internacional. “O IBGE não é subordinado ao FMI e não tem de dar essa satisfação”, afirmou, acrescentando que os critérios adotados pelo instituto são internacionalmente reconhecidos. “Não dá para ter um debate à base de pilhérias”, disse ele aos jornalistas, depois de participar de um debate na Câmara dos Deputados.
O ministro ainda rebateu dúvidas apresentadas pela imprensa sobre a incorporação do mercado informal no novo cálculo do PIB. Ele frisou que ninguém afirmou que essa iniciativa afeta a credibilidade da metodologia. Lembrou ainda que o IBGE debateu esse tema em mais de 500 seminários e discussões com institutos de pesquisa e que seu presidente, Eduardo Nunes, está à disposição da sociedade e do Congresso para fazer esclarecimentos.
investimentos. Bernardo afirmou que “dificilmente” o governo ampliará os R$ 12 bilhões em investimentos projetados no Projeto Piloto de Investimentos (PPI), apesar da nova metodologia de cálculo do PIB. “Posso falar com tranqüilidade, antecipando uma decisão que ainda terá de ser tomada, que dificilmente haverá mudanças e o montante de investimentos será este mesmo, de aproximadamente R$ 12 bilhões”, afirmou o ministro.
O PPI é um conjunto de projetos em área de infra-estrutura que se assemelha a uma espécie de “lista vip” de obras que não podem sofrer restrições orçamentárias. Esses investimentos não são contabilizados como despesas, ficando fora do cálculo da economia que o governo faz para pagar os juros da dívida (superávit primário).
Bernardo admitiu que a nova forma de calcular o PIB dá uma nova realidade à economia brasileira e, por isso, algumas projeções e metas do governo terão que ser revistas. No entanto, sobre a meta do PPI, o ministro frisou que o volume de recursos previstos para este ano será mantido, permitindo a conclusão de que o governo não atingirá os 0,5% do PIB em investimentos no PPI previstos antes da revisão do crescimento econômico.
LDO
O governo encaminhou ao Congresso um projeto de lei propondo a elevação no texto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) deste ano da meta do PPI de 0,3% para 0,5%. Bernardo lembrou que esse projeto nem foi ainda aprovado. “É bom lembrar que, além desses R$ 12 bilhões, temos aproximadamente R$ 3,8 bilhões (em investimentos) que estão dentro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e que serão tratados como PPI. Portanto, serão aproximadamente R$ 15,5 bilhões que terão seus recursos totalmente liberados sem contingenciamentos e isso não deverá ter mudança”, completou.
No dia seguinte ao anúncio de que o país teve maior crescimento econômico por causa da nova metodologia do IBGE, Bernardo confirmou ainda que o governo terá de reavaliar a meta do superávit primário. O governo tem como meta deste ano economizar o equivalente a 4,25% do PIB. Se for descontado daí o PPI, na prática essa meta cai para 3,75% do PIB. Com a revisão da projeção do PIB, para um valor maior, o percentual passa a equivaler a um montante mais elevado de recursos, o que obrigaria o governo a apertar mais os gastos. Por isso, a necessidade de revisão das metas.
Nesse caso, entretanto, o ministro evitou comprometer-se com qualquer número, justificando que essa não é uma decisão que se pode tomar isoladamente.