Reajuste injeta R$ 16,8 bi na economia

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O Dieese estima que cerca de 43,7 milhões de pessoas serão diretamente beneficiadas. O reajuste do salário mínimo em 8,57%, de R$ 350 para R$ 380 – em vigor desde domingo – injetará R$ 16,8 bilhões na economia, de acordo com cálculo do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese). Além disso, a arrecadação tributária sobre o consumo será acrescida de R$ 4,1 bilhões e as contas da Previdência Social sofrerão impacto de R$ 5,9 bilhões.

O Dieese estima que cerca de 43,7 milhões de pessoas serão diretamente beneficiadas. O reajuste do salário mínimo em 8,57%, de R$ 350 para R$ 380 – em vigor desde domingo – injetará R$ 16,8 bilhões na economia, de acordo com cálculo do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese). Além disso, a arrecadação tributária sobre o consumo será acrescida de R$ 4,1 bilhões e as contas da Previdência Social sofrerão impacto de R$ 5,9 bilhões.


O reajuste corresponde à variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) referente ao período de 1 de abril de 2006 a 31 de março de 2007, estimado em 3%, mais aumento real (acima da inflação medida pelo mesmo índice). O Dieese estima em 5,41% o aumento real e calcula que cerca de 43,7 milhões de pessoas têm seu rendimento referenciado no salário mínimo.


O salário mínimo encontra-se em recuperação, apesar de não ter alcançado a promessa de reajuste de 100% para o primeiro mandato do governo Lula. Quem faz a afirmação é a assessora técnica do Dieese, Lilian Arruda Marques. “Não é o que foi prometido, mas foi um ganho muito significativo. Desde 1995, o salário mínimo praticamente dobrou”, disse a técnica em entrevista à Agência Brasil. O salário passou de R$ 200, em 2002, para R$ 380 neste ano, um aumento real (acima da inflação medida pelo INPC) estimado de 32,1%.


Na avaliação do economista José Maurício Soares, também do Dieese, o reajuste do salário mínimo deverá ser usado principalmente para o pagamento de contas. “Quem vive basicamente de salário mínimo é comprometido com pagamentos de dívidas e aluguéis atrasados”.


Pobres consomem mais


Mas nem todo o dinheiro extra no orçamento mensal vai para pagar dívidas. É o que mostra o estudo “Mais dinheiro no bolso dos brasileiros” do Instituto Ipso Marplan, realizado ao final de 2006 com cerca de 54 mil pessoas das classes A a E.


Segundo a pesquisa, a cada ano cresce o consumo, pelas classes mais pobres, de produtos tecnológicos e relacionados a cuidados pessoais e de gêneros alimentícios que não fazem parte da cesta básica. O levantamento mostra que a pipoca de microondas foi um dos itens que chegaram à mesa de 1% dos lares da classe E no ano passado. Misturas para bolo e torta, adoçantes, iogurte e sorvete também estão entre os produtos pesquisados que tiveram aumento de consumo nessa parcela da população.


Quando sobra algum dinheiro no apertado orçamento familiar, além de investir na alimentação os brasileiros gastam mais com produtos relacionados ao cuidado pessoal. Em 2004, de acordo com o estudo, 12% da classe E freqüentava salão de beleza. Em 2006, essa parcela passou para 17%. O consumo de perfumes e protetor solar também cresceu.


“Avanço”


A pesquisa mostra, ainda, que desde o ano passado 1% dos lares da classe E e 3% da classe D passaram a ter aparelhos de televisão de 29 polegadas. A compra de telefone celular mais que dobrou entre essa parcela da população, saltando de 13%, em 2004, para 30% em 2006.


A assessora técnica Lilian Marques considera um avanço a proposta de implementação de uma política constante de reajuste do salário mínimo, em análise no Congresso Nacional. A proposta define que, a partir de 2008, o aumento será equivalente à inflação e à variação do Produto Interno Bruto (PIB, a soma das riquezas produzidas no País). A proposta foi discutida entre as centrais sindicais e o governo.


“Se o desempenho da economia, da inflação, do emprego for muito bom, as centrais provavelmente voltarão a negociar um ganho real maior. Mas pelo menos um ganho real mínimo já está garantido”, enfatizou a assessora do Dieese.


“Isso já é um avanço pensando na história do salário mínimo no Brasil, porque ele teve uma desvalorização muito grande ao longo dos anos. No começo dos anos 90, ele valia muito pouco se comparado a 1940, quando foi criado. Então, devagar está sendo recuperado o seu poder aquisitivo”, acrescentou Lilian.


A técnica defendeu a política de recuperação do salário mínimo como um estímulo a economias locais. “Vem sendo demostrado que o salário mínimo tem um grande peso na distribuição de renda, no gasto das famílias de baixa renda”, disse. “As famílias gastam o salário onde residem, comprando remédio, alimentação, roupas. Isso dá uma nova dinâmica para a economia local. Tanto é assim que o consumo das famílias vem aumentando mais do que o PIB”, acrescentou Lilian.




 

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