Gazeta Mercantil Editoria: Nacional Página: A-4
Para diretora da S&P, mudança teria peso negativo para levar País ao grau de investimento. O Brasil está no caminho do grau de investimento, mas uma mudança nos critérios das dívidas estaduais poderia atrasar a conquista de um novo upgrade da nota do País. A sinalização foi feita ontem pela diretora da agência de classificação de risco Standard & Poor’s e responsável pela avaliação do Brasil, Lisa Schineller.
Gazeta Mercantil Editoria: Nacional Página: A-4
Para diretora da S&P, mudança teria peso negativo para levar País ao grau de investimento. O Brasil está no caminho do grau de investimento, mas uma mudança nos critérios das dívidas estaduais poderia atrasar a conquista de um novo upgrade da nota do País. A sinalização foi feita ontem pela diretora da agência de classificação de risco Standard & Poor’s e responsável pela avaliação do Brasil, Lisa Schineller.
A especialista também rejeitou a avaliação do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que o investment grade será inevitável quando o crescimento da economia atingir 5%: “Não existe número mágico para o PIB (Produto Interno Bruto). Existem países que crescem menos de 5% e são investment grade.”
Após audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, Lisa Schineller demonstrou preocupação com a intenção de alguns governadores que pedem autorização para elevar o nível de endividamento estadual. “Falar em mudança no marco da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e dos acordos com os estados seria problemático”, afirmou.
Para a analista, a alteração teria implicação em alguns dos fundamentos fiscais do País, que pesariam na avaliação de um novo upgrade da nota brasileira. “O Brasil melhorou nos últimos anos, mas ainda tem vulnerabilidades”, argumentou.
A diretora da S&P lembrou do México, que cresce com taxas menores que o número citado pelo ministro e já tem nota considerada segura. Para Lisa, o número é importante, mas não é determinante para um novo upgrade. “Assim como também não existe índice mágico entre a dívida e o PIB”, completou ao citar a Índia, outro país grau de investimento que tem esse indicador em patamar pior que o registrado no Brasil. “Todos têm pontos fortes e fracos. O que acontece é que os indicadores acabam se compensando”, explica.
Para reforçar a idéia de que o Brasil ainda precisa ter atenção com números – como o crescimento do PIB e a consistência fiscal – para conquistar o grau de investimento, a analista citou que ainda há muito a ser feito em termos econômicos no País. “O BBB- não é o último rating. Depois dele, ainda há espaço para continuar melhorando até o AAA”, disse.
Apesar do tom cauteloso, a diretora observou que essa classificação mais alta costuma chegar em 15 meses para os países que têm a nota e a perspectiva que o Brasil recebeu na semana passada da S&P. Essa média foi feita com base em 70% dos casos de países que tinham BB+ e a perspectiva positiva, como o Brasil atualmente, e foram elevados. Nos demais casos, nos 30% restantes, houve piora da nota. “Portanto, não há certeza da melhora da nota”, reforçou citando Índia, México e África do Sul que levaram, respectivamente, 16, 7 e 6 anos para atingir a marca.