Encontro debateu ações concretas para ampliar a presença das mulheres no mercado e na política
A primeira reunião da Câmara Brasileira de Mulheres Empreendedoras do Comércio (CBMEC) de 2025 destacou a atuação das mulheres empreendedoras do Sistema CNC-Sesc-Senac. O encontro, realizado no dia 24 de abril de 2025, na sede da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), no Rio de Janeiro, reuniu representantes femininas de todo o País.
A coordenadora da CBMEC, Laura Paiva, abriu a reunião destacando o simbolismo do momento e a importância da estruturação nacional da câmara, que já está presente em 10 estados. Em sua fala, agradeceu ao presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros, por ter idealizado a CBMEC há três anos, e ao vice-presidente da CNC e presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn, que também é coordenador das Câmaras temáticas da CNC, pelo apoio contínuo às iniciativas femininas.
Para inspirar as participantes, Laura Paiva compartilhou uma citação do Papa Francisco: “A mulher sabe dar vida até nas situações mais difíceis. Precisamos do seu olhar para o mundo, um olhar que seja eterno, forte e visionário”.
Durante o encontro, a diretora-geral executiva da CNC, Simone Guimarães, foi homenageada pela CBMEC como símbolo de força e inovação. Emocionada, ela disse: “Eu fico muito feliz e orgulhosa quando sento a uma mesa cheia de mulheres, cheia de ideias, cheia de criatividade, que realmente fazem este país se movimentar”.

Relatório mostra força das câmaras
A gerente das Câmaras Brasileiras do Comércio e Serviços da CNC, Andrea Marins, apresentou os dados do Relatório Anual de Atividades das Câmaras, comemorando um marco expressivo: 92% das proposições recebidas foram concluídas, totalizando 117 de 126 demandas analisadas e concluídas tanto no âmbito legislativo quanto no executivo.
O presidente da Fecomércio-RS, Luiz Carlos Bohn, ressaltou que as câmaras são canais legítimos para que a entidade ouça e atue nos segmentos que representa.
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Nova economia com equilíbrio entre lucros e impacto social
A empreendedora e vice-presidente do Conselho da C. Rolim Engenharia, Ticiana Rolim, realizou a palestrou Uma Visão para Construir o Futuro. Ela defendeu o protagonismo feminino e negócios de impacto para enfrentar desigualdades e transformar o futuro.
Durante sua palestra, Ticiana Rolim explicou uma trajetória de transição do setor tradicional da engenharia para o universo dos negócios de impacto socioambiental. Com mais de duas décadas de atuação na C. Rolim Engenharia, ela hoje lidera iniciativas voltadas à redução das desigualdades e ao fortalecimento da economia regenerativa, como a ONG Somos Um e o programa Zunne.

Ao abordar os desafios globais, ela destacou a estagnação da pobreza extrema desde 1990 e a concentração de riqueza nas mãos de apenas 1% da população. “O capitalismo gera lucro, mas falha em distribuir riqueza de forma equitativa”, afirmou. Para ela, o problema estrutural está no desequilíbrio entre as energias feminina e masculina, tanto nas pessoas quanto nos sistemas. “Não há transformação real sem equilíbrio.”
A nova economia, segundo Ticiana Rolim, é construída com “cabeça de negócio e coração social”. Ela defende o modelo de negócios que nasce com a intenção de resolver problemas sociais e ambientais, sem abrir mão da sustentabilidade financeira. “O que nos trouxe até aqui não nos levará adiante”, disse, citando a urgência de práticas econômicas mais conscientes e inclusivas.
Boas práticas dos Estados inspiram outras lideranças
Três Federações Estaduais apresentaram seus projetos de destaque no encontro. Greici Mara da Cruz, da Fecomércio-MT, detalhou a Academia de Liderança Feminina, com 80 horas de formação distribuídas em cinco módulos voltados ao fortalecimento das competências de gestão e liderança, incluindo comunicação, tomada de decisão, negociação e enfrentamento de crises.
Maria de Fátima de Jesus, da Fecomércio-TO, compartilhou os avanços da Câmara de Mulheres Empreendedoras e Gestoras de Negócios do Tocantins (CMEG), que promove eventos como o programa de mentoria Elas por Elas, com mais de 400 participantes, além de talk shows com empresárias de destaque e ações como a Corrida Femine, Café com Elas e parcerias com o Sebrae.
Claudia Colpi, da Fecomércio-PR, apresentou os resultados da Câmara da Mulher Empreendedora e Gestora de Negócios do Paraná (CMEG-PR), salientando o impacto das ações em 22 municípios e a capacitação de milhares de mulheres desde sua criação em 2006, com atuação em áreas como empreendedorismo social, enfrentamento à violência e desenvolvimento regional.
Avanços legislativos
A Diretoria de Relações Institucionais (DRI) da CNC atualizou as participantes sobre projetos prioritários em tramitação no Congresso Nacional e programas de incentivo a empreendedoras mulheres no Executivo. Entre os destaques estão o PLP nº 31/2021, que propõe a criação do MEI-Mulher Empreendedora, e o PL nº 1.912/2022, que trata do Programa de Estímulo ao Empreendedorismo Feminino.
A assessora da DRI Ana Paula Pimenta apresentou as principais movimentações em curso no Executivo e no Legislativo com foco no fortalecimento do empreendedorismo feminino no Brasil.
No âmbito do Executivo, ela ressaltou o programa Elas Exportam, iniciativa do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), em parceria com a ApexBrasil. Lançado com apoio do vice-presidente Geraldo Alckmin, o programa busca ampliar a presença de empresas lideradas por mulheres no comércio exterior. Além de oferecer capacitação e suporte técnico, a proposta inova em 2025 com a criação de um banco de talentos para conectar mentoras experientes e empresárias iniciantes em diversos segmentos, como moda, cosméticos e artesanato.
No Legislativo, a assessora apresentou o panorama das proposições em tramitação que contam com o acompanhamento direto da DRI. Entre elas, está o PLP 31/2021, que cria o MEI-Mulher Empreendedora, cuja relatoria está com a deputada Silvye Alves (União-GO). Outro destaque foi o PL 1.912/2022, que institui o Programa de Estímulo ao Empreendedorismo Feminino. A deputada Any Ortiz (Cidadania-RS) propôs uma comissão especial para debater e estruturar um marco legal consistente e transformador sobre o tema.
Ana Paula Pimenta também mencionou o PL 1.098/2023, que altera o Programa Nacional de Microcrédito Produtivo Orientado (PNMPO) para priorizar negócios liderados por mulheres. A proposta está sob relatoria da senadora Leila Barros (PDT-DF), na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE).
Ela apresentou ainda um breve panorama político, enfatizando mudanças nas Mesas Diretoras da Câmara e do Senado. No Senado, pela primeira vez em dois séculos, uma mulher ocupa a 1ª Secretaria, com a senadora Daniella Ribeiro (PSD-PB). Na Câmara, a nova Mesa tem apenas uma mulher entre os cargos principais, a Delegada Katarina (PSD-SE), terceira secretária.
Pimenta alertou para o fato de que, embora avanços simbólicos estejam sendo registrados, a representação feminina no Congresso ainda é baixa. “A DRI tem acompanhado diariamente as proposições que versam sobre o empreendedorismo e atuado de forma propositiva em prol dos empresários do setor terciário, bem como monitorado também todas as proposições e programas que visam ampliar a representatividade feminina no setor produtivo.”