
O Novo Brasil – Plano de Transformação Ecológica do Ministério da Fazenda (MF) foi recebido com interesse pelos participantes da Norad Conference 2025, realizada em Oslo, na Noruega, na última semana. Organizado pela Agência Norueguesa para Cooperação e Desenvolvimento, o evento internacional reuniu representantes do setor privado, da sociedade civil, do meio acadêmico e autoridades públicas de diversos países interessados na promoção do desenvolvimento sustentável. A Conferência, este ano, teve como foco a criação de parcerias para captação de recursos e financiamentos de programas de enfrentamento às mudanças climáticas, aos danos ao meio ambiente e à pobreza.
O secretário-executivo adjunto do MF, Rafael Dubeux, apresentou o Novo Brasil – Plano de Transformação Ecológica e participou de um debate com o presidente do Centro Africano para a Transformação Econômica (ACET), Mavis Owusu-Gyamfi, e com a representante do Fundo Global de Venture Capital Antler na África, Marie Nielsen. Durante sua apresentação o secretario mostrou os percentuais de redução de áreas desmatadas no Brasil nos dois últimos anos (50% e 20%, respectivamente) e a meta de zerar o desmatamento até 2023.
Dubeux destacou as vantagens que o Brasil apresenta para investimentos em projetos sustentáveis: a matriz energética com predominância de fontes renováveis (90%), a grande produção de combustíveis limpos, as reservas de minerais necessários à transição energética, como lítio e níquel, entre outros. Mencionou ainda a estabilidade política e a diplomacia. “O Brasil tem sido um forte defensor de uma diplomacia de paz, de multilateralismo e de desenvolvimento econômico para o mundo inteiro, e esta é também uma vantagem para iniciativas relacionadas ao clima”, defendeu o secretário.
A recente aprovação do Mercado de Carbono, a emissão de Títulos Soberanos Sustentáveis (já com arrecadação de US$ 4 bilhões), a Taxonomia Sustentável Brasileira e o Eco Invest Brasil foram apresentados como iniciativas do plano. Ao falar sobre os pilares da Plano de Transformação Ecológica – Produtividade e Emprego, Sustentabilidade Ambiental e Justiça Social – o secretário destacou que “não se trata apenas de um plano de descarbonização da economia, mas um plano de desenvolvimento econômico com sustentabilidade”.
Em seguida, Rafael Dubeux mencionou oportunidades de parcerias e incentivos, como por exemplo por meio do Fundo Global de Florestas Tropicais (TFFF) e da Plataforma Brasil de Investimentos Climáticos e para a Transformação Ecológica (BIP), que já conta com cerca de U$ 12 bilhões em captação, e falou também do chamado bom posicionamento do Brasil no conceito de powershoring – realocação de unidades produtivas para regiões que oferecem energia renovável e barata.
“Estamos recebendo, de braços abertos, todos que querem fazer parcerias com o Brasil. Não se trata apenas de uma situação ganha-ganha, mas de ganhos triplos: vocês podem ganhar dinheiro, podem ajudar no desenvolvimento econômico e, ao mesmo tempo, ajudar a criar uma economia global e sustentável”, concluiu o secretário.
Também fizeram parte da comitiva brasileira que cumpriu agenda na Noruega a subsecretária de Desenvolvimento Econômico Sustentável, Cristina Reis, e o especialista em políticas públicas e gestão governamental Antonio Cruz.
Agenda
Durante a viagem, a delegação brasileira se reuniu com o Ministério das Finanças e com o Ministério do Clima e Meio Ambiente da Noruega, ocasião em que se discutiram meios de cooperação em temas relevantes para a COP-30, como a criação do Fundo Global de Florestas Tropicais (TFFF), a integração dos mercados de carbono e a interoperabilidade da taxonomia sustentável entre os países que já adotaram essas iniciativas.
Cristina Reis destacou que, nas inúmeras conversas, ficaram evidentes as diversas oportunidades de parcerias econômicas nas áreas de indústria naval, indústria pesqueira e de óleo, além do interesse crescente por energia renovável. Ressaltou ainda que várias dessas trocas devem avançar para acordos entre os dois países, que têm forte alinhamento na transformação ecológica, nas tradições democráticas e que prezam, acima de tudo, pela paz entre as nações.
Merecem registro, ainda, os encontros realizados com grupos (clusters) de inovação em baixo carbono e importantes grupos empresariais noruegueses, intermediados pela Agência Norueguesa de Inovação (Innovation Norway), nos quais foram apresentados o cenário econômico nacional e a agenda econômica brasileira, além das iniciativas que compõem o Plano de Transformação Ecológica. Também foi avaliada a realização de parcerias e investimentos produtivos nas áreas de biobunker (alternativa que substitui parcialmente o diesel utilizado no bunker por um biodiesel produzido a partir de óleos vegetais ou gorduras animais) e transporte marítimo sustentável, captura e estocagem de carbono, fertilizantes, aquicultura e transição energética.
Fonte: gov.br/fazenda/pt-br
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