APRESENTAÇÃO
Divulgados ao longo deste ano de 2008, os artigos e pronunciamentos contidos neste livro refletem o posicionamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo sobre os temas mais relevantes da atualidade nacional e internacional. O ano de 2008 foi um ano marcado pela profunda crise que abalou as Bolsas de Valores e o Sistema Financeiro Internacional, como reflexo da grave recessão que atingiu em cheio a economia real dos Estados Unidos e da Europa, com profunda repercussão negativa sobre os países da Ásia e da América Latina. A crise global, em verdade, foi gerada por uma série de acontecimentos
desde o ano 2006, que transbordaram no desmoronamento do mercado imobiliário norte-americano, caracterizado pelos créditos hipotecários sub-prime. A economia brasileira passou ao largo da crise, praticamente até o mês de setembro último. A partir de outubro, porém, a suspensão das linhas de crédito de exportação, que os grandes bancos internacionais tradicionalmente concediam aos bancos brasileiros, deu os primeiros sinais de que a crise também havia chegado ao Brasil. A retração dos mercados internacionais gerou uma onda de intranquilidade e incertezas que fizeram com que importantes empresas nacionais alterassem suas estratégias de produção, concedendo férias coletivas a seus empregados e adiando projetos de investimentos, o que poderá comprometer o comportamento das atividades econômicas do Brasil, no próximo ano de 2009. Ainda é cedo para uma avaliação segura da repercussão da crise global sobre a economia brasileira. Mas é possível afirmar, com certa segurança, que, no contexto mundial, o Brasil será um dos países menos afetados pela crise, não só pela situação sólida de nossos maiores bancos, como pelas medidas já adotadas pelo Governo, através de uma ação anticíclica, destinada a neutralizar a retração do crédito e da demanda. Em 31 de outubro último, o País contava com reservas cambiais da ordem de R$ 205 bilhões, que poderão ser usadas para substituir o corte dos financiamentos externos, assim como a utilização da massa de recursos disponíveis – cerca de R$ 270 bilhões – relativos aos depósitos compulsórios dos bancos junto ao Banco Central do Brasil. É evidente que vai haver – como já está havendo – uma retração no nível das atividades econômicas nacionais. É muito possível que as exportações brasileiras sofram uma queda de volume e de preços, face à redução da demanda internacional. Nos últimos 35 anos, desde 1973, o Brasil atravessou várias crises iguais à atual, e sempre encontrou os meios para superar as adversidades. Na conjuntura atual, não vai ser diferente. Por isso mesmo, não podemos nos afastar de nossos ideais, mantendo o ânimo forte e a esperança viva de alcançar os nossos objetivos, lutando pela realização dos projetos confiados à nossa responsabilidade. O comércio possui uma força considerável, que pode fazer a diferença, na busca das soluções para a crise. Isto justifica a crítica construtiva de muitos de nossos artigos.