Antonio Oliveira Santos
Presidente da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo
A Floresta plantada em largas extensões, seja de pinos ou eucalipto, tem sido objeto de fortes objeções por parte dos ambientalistas, cuja postura está muito mais marcada pela emoção do que pela razão.
Por isso, vale a pena lembrar que as decisões econômicas são levadas a cabo comparando os custos de uma iniciativa, ou projeto de investimento, com as vantagens que possa trazer.
Antonio Oliveira Santos
Presidente da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo
A Floresta plantada em largas extensões, seja de pinos ou eucalipto, tem sido objeto de fortes objeções por parte dos ambientalistas, cuja postura está muito mais marcada pela emoção do que pela razão.
Por isso, vale a pena lembrar que as decisões econômicas são levadas a cabo comparando os custos de uma iniciativa, ou projeto de investimento, com as vantagens que possa trazer. É o método de tomada de decisão com base na chamada relação custo/benefício, em princípio uma questão de simples bom senso mas cuja aplicação, na prática, pode se tornar bem complicada. Essa complicação existe, sobretudo, quando o projeto de investimento tem “efeitos colaterais” nocivos ao seu entorno.
Um exemplo flagrante desses “efeitos colaterais” foi a perda da beleza natural do Salto das Sete Quedas, no rio Paraná, da qual foi preciso abrir mão para construir a bacia de acumulação da hidrelétrica de Itaipu. Provavelmente, conservada a beleza cênica do Salto, boa parte do país estaria hoje, não exatamente nas trevas, mas numa alternância entre e luz e sombra ditada pelo fornecimento intermitente de eletricidade.
É nesse contexto dos efeitos colaterais negativos que os defensores do meio ambiente criticam a floresta plantada pela mão do homem, que levaria, paradoxalmente, segundo alguns, a uma “desertificação” pelo plantio de florestas que não recompõem a floresta nativa.
No caso do eucalipto, os argumentos contrários ao seu plantio cobrem uma extensa gama de razões. Por exemplo, a retirada de água do solo leva a um balanço hídrico deficitário, com rebaixamento do lençol freático e até mesmo o desaparecimento de nascentes; efeitos danosos sobre outras formas de vegetação e, como corolário, a extinção da fauna; a ocupação de extensas áreas que, de outro modo, poderiam estar produzindo alimentos; e para não tornar a lista por demais exaustiva, baixo nível de postos de empregos, passada a fase de implantação da floresta.
Vários desses argumentos pressupõem um “estado das artes” constante, outros ignoram que, assim como há “efeitos colaterais” negativos, na malha das relações entre setores da economia, há “efeitos colaterais” positivos.
No domínio da pesquisa e desenvolvimento, o exemplo da Aracruz Celulose merece ser posto em evidência, no contraditório aos ambientalistas. Para melhor conhecer a interação entre os 193 mil hectares plantados com eucaliptos e os 112 mil hectares de suas reservas de floresta nativa, a empresa executa há anos, numa área de 280 hectares, projeto de pesquisa com esses dois conjuntos, que envolve solo, recursos hídricos e a biodiversidade, ao longo do ciclo de sete anos de maturação do eucalipto. Uma das primeiras constatações – contrariando a suspeita dos ambientalistas – foi até certo ponto surpreendente: o consumo de água subterrânea do eucalipto é semelhante ao da floresta nativa e o monitoramento da água no solo mostrou que as raízes do eucalipto se concentram na profundidade entre 1 e 2,5 metros, enquanto o lençol freático está a 20 metros.
Mas isso não é tudo. Os 300 milhões de dólares gastos em programas ambientais apresentam, no espaço de tempo de vinte e cinco anos, os seguintes retornos em termos do que poderíamos chamar de “ecoeficiência”: os 24 metros cúbicos de madeira por hectare/ano, obtidos em 1980, se transformaram em 42 metros cúbicos, atualmente, ou seja, um avanço na produtividade da exploração da ordem de 75%. Um extraordinário resultado, em termos de capacidade da economia brasileira de competir nos mercados internacionais.
A jusante da fase agrícola, na exploração industrial, houve substancial melhora na relação volume de madeira por tonelada de celulose, com uma redução de cerca de 15% no consumo de madeira. E o consumo do cloro empregado no branqueamento da celulose baixou de 4,5 quilos por tonelada produzida a 3 quilos. Um outro índice importante de aumento da produtividade nacional.
O uso de uma tecnologia nacional eficiente e o aumento da produtividade florestal é uma constante nas empresas brasileiras nesse setor, tais como a Votorantim, a Klabin, a CENIBRA, a ACESITA, a Bahia Sul, a Suzano e outras.
Na interação do setor com o resto da economia, é a partir da floresta homogênea que, atualmente, o País realiza exportações no valor de 3 bilhões de dólares/ano. Some-se a esse resultado, os efeitos induzidos na criação de empregos, em vários outros setores, como nos transportes terrestre e marítimo. As divisas líquidas assim alcançadas tanto podem ser usadas para reduzir nosso endividamento externo como para custear as importações que o País precisa realizar.
Tudo isso há de ser sopesado, quando se pensa na relação custo/benefício da indústria do papel e celulose baseada na floresta plantada, onde as condições de clima e período de luz solar nos dão uma vantagem absoluta, em relação a outros países. Entretanto, ao que parece, na visão dos ambientalistas, a balança da relação custo/benefício tem um só prato.
Publicado no Jornal do Brasil de 30/12/2004, Caderno Outras Opiniões, p. A-11.