Apesar de o setor industrial haver sofrido ao longo do ano com o aumento das importações, o Indicador do Nível de Atividade (INA) da indústria de transformação paulista subiu 3,1% em 2006 em comparação com 2005, sem ajuste sazonal, pouco abaixo dos 3,7% de 2005.
Apesar de o setor industrial haver sofrido ao longo do ano com o aumento das importações, o Indicador do Nível de Atividade (INA) da indústria de transformação paulista subiu 3,1% em 2006 em comparação com 2005, sem ajuste sazonal, pouco abaixo dos 3,7% de 2005. O dado foi divulgado ontem pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e pelo Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), e indica ainda queda de 13,5% em dezembro em relação a novembro, sem ajuste sazonal.
Considerado o ajuste sazonal, a oscilação de dezembro na comparação com novembro de 2006 foi de -2,7%. Levantamento de conjuntura das duas entidades representativas da indústria indica também que o INA de dezembro de 2006 caiu 3,4% em relação ao igual mês de 2005. Também foi divulgado o INA de outubro revisado. Este indicador era de 0,2% ante setembro com ajuste sazonal e de 0,5% sem ajuste sazonal. Agora, revisados, os índices corresponderam a 0,4% e 2,1%, respectivamente.
O levantamento de conjuntura relata que em 2006 ante 2005, sem ajuste sazonal, o total de horas pagas subiu 6%; as horas trabalhadas na produção cresceram 7,2%; as horas médias trabalhadas oscilaram -0,1%; o total de salários nominais aumentou 17%; o total de salários reais, utilizando como deflator o IPC Fipe, cresceu 14,1%; o salário real médio elevou-se 6,3%; o total de vendas nominais subiu 5,6%; e o total de vendas reais, utilizando como deflator o IPA setorial, aumentou 7,5%.
O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (NUCI) ficou em 77,7% em dezembro, sem ajuste sazonal. Outras variáveis, sem ajuste sazonal, de dezembro ante novembro: o total de horas pagas ficou em menos 5,9%; as horas trabalhadas na produção caíram 9,9%; as horas médias trabalhadas cederam 8,1%; o total de salários nominais subiu 4%; o total de salários reais, utilizando como deflator o IPC Fipe, cresceu 2,9%; o salário real médio aumentou 5%; o total de vendas nominais subiu 10,7%; e o total de vendas reais, utilizando como deflator o IPA setorial, cresceu 16,3%.
Projeções
A Fiesp e o Ciesp ratificaram ontem as projeções para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano abaixo de 3,5%, mesmo após a divulgação do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). De acordo com as duas entidades, o crescimento da economia será amparado pela continuidade da expansão do crédito e da realização de investimentos públicos, sobretudo no setor de infra-estrutura, o que ocasionará expansão de consumo no mercado doméstico.
“A expectativa é de que o PAC seja bom, que dê resultado e que os investimentos em infra-estrutura acabem por induzir investimentos em outros setores”, disse o diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp, Feres Abujamra. As entidades projetam que o INA deste ano fique entre 3% e 3,4%. Eles consideraram os percentuais ainda relativamente baixos para um país que pretende crescer economicamente em patamares superiores a 5% ao ano.
Justificam que os juros ainda são muito elevados, especialmente na ponta de consumo, e que a valorização do real ante o dólar têm estimulado importação de bens de consumo em detrimento do produto nacional.
“O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (NUCI) da indústria paulista, de 77,7% em dezembro, demonstra que é inexplicável a atitude do Comitê de Política Monetária (Copom) de reduzir os juros em ritmo menor. O estímulo ao consumo tem espaço significativo para crescer antes de criar um constrangimento produtivo e gerar aumento de preços”, argumentou o diretor do Departamento de Economia do Ciesp, Boris Tabacof.
O executivo ressaltou, entretanto, que os juros cobrados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) “estão baratos”, em torno de 10% ao ano, considerando a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), e os spreads bancários, o que deveria estimular investimentos dos empreendedores. “Temos meio de financiamento, mas não temos meio de investimento, porque nos falta o consumo”, rebateu Abujamra, da Fiesp.
Pesquisa aponta otimismo moderado
A indústria de transformação começou o ano com perspectivas otimistas para os próximos três meses, embora as expectativas atuais tenham perdido o fôlego em relação ao fim de 2006, já descontados os efeitos típicos para esta época do ano. O ritmo de crescimento esperado pelos industriais para o período de fevereiro a abril é moderado, não há pressão significativa por aumentos de preços, os estoques estão ajustados e 65% das companhias consideram que não há obstáculos para a expansão da produção, o que é recorde histórico.
Isso é o que mostra a Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação da Fundação Getúlio Vargas (FGV). A enquete ouviu 1.050 indústrias que, juntas, faturam R$ 478,4 bilhões por ano e as exportações respondem por 25% das vendas.
A pesquisa foi feita entre 2 e 26 de janeiro. A maior parte dos entrevistados foi consultada antes da divulgação do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), ocorrida no dia 22. Em janeiro, o índice de expectativas do desempenho da indústria para os próximos meses atingiu a marca 98,4 pontos, com alta 8,7% em relação a igual período do ano passado e um acréscimo de 1,7% na comparação com dezembro de 2006. O indicador reúne informações sobre as expectativas de emprego, produção e a situação dos negócios para 6 meses.
Foi exatamente a situação dos negócios para 6 meses que teve avanço significativo em janeiro. O indicador atingiu 151 pontos, com alta de 7,9% em relação a janeiro de 2006 e de 4,9% ante dezembro. O coordenador da sondagem, Aloisio Campelo, diz que o resultado é inferior a janeiro de 2005, mas está bem acima da média histórica de janeiro para os últimos dez anos (139 pontos). “Trata-se de um otimismo moderado”, observa o economista.
Enquanto as expectativas futuras melhoraram, Campelo ressalta que houve uma piora em janeiro da confiança dos industriais sobre a situação presente. “Esse movimento é exatamente o inverso do que ocorria no fim de 2006.”
Um indicador do otimismo é a alta do uso da capacidade instalada na indústria de bens de capitais. Hoje está em 85,6%, ante 83,2% em outubro e 78,6% em janeiro de 2006. Esse setor sinaliza os investimentos futuros.