Avanço das empresas nacionais leva a aumento de 44% nas fusões no País

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O número de fusões e aquisições no Brasil em 2006 será o maior desde 2001, após o estouro da bolha da internet. Um estudo da consultoria PricewaterhouseCoopers divulgado ontem, em São Paulo, estima que em 2006 tenham sido fechados 560 negócios, um crescimento de 44,3% em relação ao ano passado. O estudo considerou fusões, aquisições, compra de participações minoritárias, joint-ventures, incorporações e cisões.

O número de fusões e aquisições no Brasil em 2006 será o maior desde 2001, após o estouro da bolha da internet. Um estudo da consultoria PricewaterhouseCoopers divulgado ontem, em São Paulo, estima que em 2006 tenham sido fechados 560 negócios, um crescimento de 44,3% em relação ao ano passado. O estudo considerou fusões, aquisições, compra de participações minoritárias, joint-ventures, incorporações e cisões. A consultoria prevê um crescimento de 20% a 30% nos negócios no ano que vem.


A pesquisa revela um dado novo e importante para o conjunto da economia brasileira: cresceu a quantidade de empresas nacionais adquirindo participações ou o controle de companhias estrangeiras no Brasil e no exterior. Foram fechados 78 negócios ao longo deste ano, contra apenas 39 em 2005. Está incluída nesta estatística a maior operação já feita de compra de uma companhia estrangeira por uma empresa de capital nacional.


A Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), depois de desbancar dois concorrentes, fechou em outubro a aquisição da mineradora canadense de níquel Inco. Após a operação, que teve suporte financeiro inédito por parte de um grupo de bancos, a Vale se tornou a segunda maior mineradora do mundo, atrás apenas da BHP Billiton.


A compra de 86,6% das ações da empresa canadense custaram à Vale US$ 14,9 bilhões. A cifra inflou os valores movimentados com as 560 transações do ano. Segundo cálculos da Price, as fusões e aquisições movimentaram US$ 40,7 bilhões. O dado pode ser maior já que o estudo considerou apenas as informações divulgadas em 140 dos 560 negócios listados.


A movimentação financeira gerada pelos negócios foi muito maior que o valor apurado em 2005. ‘Mesmo se excluíssemos o valor referente ao negócio da Vale do Rio Doce teríamos uma cifra de US$ 25,8 bilhões. Isso é mais do que o dobro dos recursos movimentados no ano passado’, diz Raul Beer, sócio responsável pela área de fusões e aquisições e de finanças corporativas da Price, no Brasil. Os 388 negócios de 2005 movimentaram US$ 11 bilhões, segundo o estudo anual da Price.


NOVO MOMENTO


O aumento dos negócios envolvendo empresas brasileiras tem como base duas situações relativamente novas no mercado brasileiro: o crescimento do movimento financeiro na bolsa paulista e o surgimento de novas formas de endividamento para a compra de ativos.


‘Desde o estouro da bolha da internet, entre 2000 e 2001, havia uma demanda reprimida por negócios, que foi destravada com o surgimento de novos mecanismos, como a oferta de ações na bolsa e de capital mais barato’, explicou Beer.


A estabilidade da taxa de juros, medida pelo risco-país em cerca de 200 pontos-base, contribuiu, segundo Beer, para que os fluxos de capitais continuassem a entrar no Brasil e servissem de fonte de recursos para compra de ativos.


O bom desempenho da bolsa valorizou as ações e permitiu que muitas empresas pudessem ofertar o próprio capital para aquisição de novos ativos. ‘Foi o que ocorreu com o Banco Itaú, que ofereceu as próprias ações para a compra do Bank Boston. Isso foi possível porque as ações se valorizaram e passaram a ter liquidez no mercado’, explica Beer.


Além do estímulo dado pela bolsa, os fundos de investimentos especializados na compra de participação ou controle de empresas com capital fechado (os chamados private equity) contribuíram para o crescimento do número de negócios.


O movimento financeiro no Brasil permitiu a esses fundos a venda de ativos comprados entre o fim dos anos 90 e o início desta década. ‘Os gestores destes fundos de investimento puderam devolver aos aplicadores o lucro da operação. Desta forma conseguiram recursos para a compra de novos negócios no País’, explica.


Segundo ele, cerca de cem fundos deste tipo operam no Brasil. A novidade está no aumento do número de fundos americanos e a chegada de fundos europeus, o que pressupõe, diz ele, ritmo igualmente forte de fusões e aquisições em 2007.

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