O Estado de São Paulo Editoria: Economia Página: B-5
Satisfeito com o desempenho da economia brasileira, o representante do Brasil no Fundo Monetário Internacional (FMI), Paulo Nogueira Batista Júnior, disse ontem que a taxa de câmbio ainda é um ponto que destoa do quadro geral positivo. ‘O câmbio está muito valorizado’, disse.
Batista está no Brasil acompanhando uma missão técnica do FMI, que ontem esteve com os diretores e o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles. À tarde, o grupo se reuniu com técnicos da Receita Federal do Brasil.
O Estado de São Paulo Editoria: Economia Página: B-5
Satisfeito com o desempenho da economia brasileira, o representante do Brasil no Fundo Monetário Internacional (FMI), Paulo Nogueira Batista Júnior, disse ontem que a taxa de câmbio ainda é um ponto que destoa do quadro geral positivo. ‘O câmbio está muito valorizado’, disse.
Batista está no Brasil acompanhando uma missão técnica do FMI, que ontem esteve com os diretores e o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles. À tarde, o grupo se reuniu com técnicos da Receita Federal do Brasil. Hoje, deverá encontrar-se com o ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Embora tenha avaliado que o câmbio é um ‘ponto fora da curva’, Batista Nogueira evitou detalhar a sua opinião, que, segundo ele, está expressa em artigo que escreveu na semana passada no jornal Folha de S. Paulo. ‘O que eu tinha a dizer sobre câmbio está em artigo publicado na semana passada’, disse.
No artigo ao qual se referiu, o economista faz uma análise da valorização do real, sugere uma queda mais acelerada das taxas de juros e lança uma proposta polêmica: adotar controles que desestimulem o ingresso de capitais externos especulativos ou de curto prazo.
Ele defende, ainda, que o governo evite adotar metas ‘ambiciosas’ de inflação, medida que deveria ser acompanhada de mudanças em alguns aspectos no sistema de metas, que não define quais.
A posição de Nogueira Batista coincide com vários economistas, de dentro e fora do governo, que mantêm uma atitude crítica em relação à política monetária do Banco Central. A proximidade da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, prevista para o início de junho, tem até intensificado as pressões – nos bastidores do governo – em favor de uma queda de, pelo menos, 0,50 ponto porcentual na taxa básica de juro, a Selic.
Sintonia
Os que defendem essa redução acreditam que a medida poderá conter a desvalorização do dólar, que ontem foi cotado por R$ 1,9510. Nas últimas quatro reuniões, o Copom reduziu a taxa Selic em 0,25 ponto porcentual e foi muito criticado.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, sempre um crítico da política de doses homeopáticas na queda dos juros, atualmente demonstra maior sintonia com a direção do BC. Ele não se tem declarado a favor de uma queda maior das taxas de juros e foca a questão do impacto do câmbio em alguns setores exportadores com a defesa de medidas pontuais.
A equipe de Mantega estuda a possibilidade de desonerar a folha salarial e a produção como alternativa à pressão do câmbio valorizado. Mais crítico, no entanto, é o senador Aloizio Mercadante (PT-SP), que, como Batista, defende a queda mais rápida dos juros e meta de inflação menos ambiciosa. Recentemente, o senador chegou a afirmar que o BC tem uma ‘meta oculta de inflação’ e, por isso, mantém os juros elevados.
O debate vai se deslocar hoje para a audiência pública de um conjunto de comissões da Câmara dos Deputados e do Senado Federal com o presidente do BC, Henrique Meirelles. A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) prevê que, semestralmente, o presidente do BC deve comparecer ao Congresso para prestar contas das atividades da instituição.