Classe C perde participação no consumo pela 1ª vez em 10 anos

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O Estado de São Paulo  Editoria: Economia   Página: B-11 


Pela primeira vez nos últimos dez anos, a classe C, que reúne as famílias com renda média mensal de R$ 1.050, perde participação no bolo de consumo privado nacional, projetado para 2007 em R$ 1,5 trilhão. Neste ano, essa faixa da população deverá responder por 25,7% das compras, ante 27,3% em 2006.


Os números estão num estudo sobre o potencial de consumo do mercado brasileiro que acaba de ser concluído pela consultoria Target Marketing.

O Estado de São Paulo  Editoria: Economia   Página: B-11 


Pela primeira vez nos últimos dez anos, a classe C, que reúne as famílias com renda média mensal de R$ 1.050, perde participação no bolo de consumo privado nacional, projetado para 2007 em R$ 1,5 trilhão. Neste ano, essa faixa da população deverá responder por 25,7% das compras, ante 27,3% em 2006.


Os números estão num estudo sobre o potencial de consumo do mercado brasileiro que acaba de ser concluído pela consultoria Target Marketing. Para projetar o potencial de consumo das famílias, levou-se em conta o crescimento de 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB) para este ano e o aumento de 1,57% da população.


‘Apesar de ter ampliado o número de domicílios, de 39,4% em 2006 para 41,9% neste ano, o potencial de consumo da classe C diminuiu’, diz o coordenador do estudo, Marcos Pazzini. Ele explica que esse movimento ocorreu por causa da mobilidade social. ‘A classe C exportou um número maior de domicílios para as camadas superiores do que recebeu das fatias de menor renda, as classes D e E.’


A promotora de vendas Débora Cristina de Lima, que recebe em média R$ 900 por mês, conta que esse ano parou de comprar ‘besteiras’ – roupas e utilidades domésticas, segundo ela. O motivo, afirma, é a alta dos preços e o comprometimento da renda com outros gastos. Este ano, Débora passou a pagar prestações da casa própria.


Já o aposentado Amilton Rabelo, que recebe cerca de R$ 1.200 mensais, diz que está comprando menos. ‘Os preços dos alimentos não acompanham o salário. Roupas, há tempos não compro mais.’


Em contrapartida, o estudo mostra que as classes B1 e B2 passaram a ser o grande alvo do consumo neste ano, com renda média mensal familiar de R$ 3.780 e R$ 2.135, respectivamente. Neste ano, a classe B1 deve responder por 22,2% do consumo e por 10% dos domicílios, ante 19,8% e 8,7% em 2006. A participação da classe B2 no consumo, que era de 19,3% em 2006, deve fechar este ano em 20,2%. No total de domicílios, a fatia aumentou de 15,4% em 2006 para 16,4% este ano.


Pazzini destaca também que o maior poder de compra, propiciado pela estabilidade da moeda associada à recuperação da renda e do emprego, gerou o enriquecimento da população nos últimos anos. Com isso, é preciso atualizar os critérios de classificação dos brasileiros por classe sociais baseados na renda e na posse de bens.


O casal Hsu Li e Joselma Hsu retrata essa mobilidade social recente, gerada pelo aumento na renda e posse de bens. Ele, engenheiro, e ela, microempresária, Li e Joselma afirmam que a renda mensal aumentou nos últimos anos. Hoje, os dois juntos recebem cerca de R$ 8 mil. ‘Está dando para consumir mais, tanto alimento quanto outros supérfluos, como vestuário’, diz a microempresária.


Outro dado interessante revelado pelo estudo é a redução da participação das 27 capitais no consumo nacional. Neste ano, devem responder por 33,1% do total, ante 37,4% em 2001. As demais cidades do País ampliaram o seu filão de 62,6% em 2001 para 66,9% em 2007.


No ranking do potencial de consumo dos 50 maiores municípios, o destaque é para Nova Iguaçu, Duque de Caxias e São Gonçalo, os três na Baixada Fluminense, no Rio. Nova Iguaçu, que ocupava em 2006 a 35ª posição, sobe para o 21º lugar; Duque de Caxias passa da 30ª para a 20ª posição e São Gonçalo, da 19ª para 16ª. Entre as capitais, destaques para Salvador (BA) e Goiânia (GO). A capital baiana foi da 7ª posição em 2006 para a 6ª neste ano, e a goiana da 11ª para a 10ª.


 


 


 

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