Comércio varejista e importações

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No ano passado a produção da indústria de transformação (não inclui a indústria extrativa) cresceu 2,58%. No mesmo período o volume das vendas no comércio varejista ampliado, segundo os dados divulgados ontem pelo IBGE, apresentou crescimento de 6,5%.

No ano passado a produção da indústria de transformação (não inclui a indústria extrativa) cresceu 2,58%. No mesmo período o volume das vendas no comércio varejista ampliado, segundo os dados divulgados ontem pelo IBGE, apresentou crescimento de 6,5%. A diferença entre os dois dados se deve à participação das importações no atendimento da demanda interna.


O governo estimulou a demanda interna pensando, com isso, impulsionar o crescimento industrial, mas o que conseguiu foi um forte aumento das vendas no varejo, que em 2005 fora de apenas 3,07% (9,56% em termos de receita nominal, ante 7,6% no ano passado). Veja-se que o aumento do volume acompanhado de queda do valor, das vendas do comércio, em 2006, comprova a importância das importações na contenção dos preços.


A demanda interna, no ano passado, foi estimulada pela ampliação da oferta de crédito e queda do seu custo (crédito em consignação), pela melhora dos rendimentos, mas também pela redução dos preços em função da concorrência dos produtos importados.


Quando se analisa o volume das vendas segundo o grupo de atividade, verifica-se que só um setor registrou queda: o de combustíveis (-8,1%), justamente o único produto que sofreu elevação dos preços. O campeão das vendas em 2006 foi o setor de equipamentos e materiais para informática e comunicação (30,1%). São bens fabricados no Brasil, essencialmente na Zona Franca de Manaus, mas com componentes importados. O setor de “outros artigos de uso pessoal e doméstico”, que inclui desde joalheria e ótica até artigos esportivos e brinquedos, ocupa o segundo lugar, com crescimento de 17,1%, seguido pelos móveis e eletrodomésticos (10,3%). São setores em que a melhora dos rendimentos, as importações e as facilidades de crédito se juntaram em favor da demanda. O setor que depende mais da renda (supermercados) teve crescimento de vendas de 7,7%.


A política assistencialista do governo influiu na modificação da distribuição geográfica das vendas. Os Estados que acusaram maior crescimento de vendas no varejo foram os do Norte e do Centro-Oeste – Roraima (30,1%), Acre (27,46%) –, mas, certamente, o crescimento mais significativo, embora menor, se situa no Rio de Janeiro (6,1%) e em São Paulo (5,8%).


Em 2007, o PAC poderá ser o mais importante impulsionador da demanda, mas talvez o governo tenha de pensar em reduzir outros incentivos.


 


 

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