Dívida externa cai para 17,6% do PIB

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O valor da dívida externa brasileira caiu no ano passado para 17,6% do Produto Interno Bruto (PIB). O resultado, de acordo com o chefe do Departamento Econômico (Depec) do Banco Central (BC), Altamir Lopes, é o melhor desde o início da série histórica, em 1947. Em 2002, o endividamento externo do Brasil correspondia a 45,9% do PIB.


Em valores absolutos, a dívida externa terminou o ano passado em US$ 168,867 bilhões, ante US$ 169,450 bilhões em 2005. O menor endividamento externo deixa o país menos vulnerável.

O valor da dívida externa brasileira caiu no ano passado para 17,6% do Produto Interno Bruto (PIB). O resultado, de acordo com o chefe do Departamento Econômico (Depec) do Banco Central (BC), Altamir Lopes, é o melhor desde o início da série histórica, em 1947. Em 2002, o endividamento externo do Brasil correspondia a 45,9% do PIB.


Em valores absolutos, a dívida externa terminou o ano passado em US$ 168,867 bilhões, ante US$ 169,450 bilhões em 2005. O menor endividamento externo deixa o país menos vulnerável. Contribuíram para o recuo da dívida em 2006 as recompras de títulos feitas pelo Tesouro Nacional e as liquidações antecipadas de débitos com credores externos oficiais e privados. As recompras feitas ao longo do ano passado, de acordo com o chefe do Depec, ficaram em US$ 7,275 bilhões.


Além disso, o Tesouro Nacional conseguiu pagar antecipadamente US$ 6,489 da dívida renegociada no Plano Brady e mais US$ 2,582 bilhões dos credores oficiais do Clube de Paris. Foram pagos, ainda, US$ 2,829 bilhões em dívidas dentro do cronograma normal de vencimento.


De outro lado, as emissões de bônus no exterior geraram uma expansão da dívida externa de US$ 4,802 bilhões em 2006. As mesmas operações ajudaram a fazer com que a dívida externa do setor público não financeiro terminasse o ano passado em US$ 75,902 bilhões.


Transações Correntes 


O Banco Central informou que o volume recorde de remessas de lucros e dividendos ao exterior, que somaram US$ 16,35 bilhões no ano passado, foi determinante para a diminuição, em relação a 2005, do saldo da conta de transações correntes do balanço de pagamentos, que registra todas as operações comerciais, de serviços e rendas do Brasil com o exterior.


De acordo com o BC, o país teve saldo em conta corrente de US$ 13,53 bilhões em 2006, uma redução de 3,27% ante 2005, apesar do superávit recorde registrado na balança comercial. O saldo foi equivalente a 1,41% do Produto Interno Bruto (PIB), em comparação a 1,76% no ano anterior. O resultado das contas externas de dezembro mostrou fotografia semelhante. Mesmo com o elevado saldo comercial de US$ 5,01 bilhões, as fortes remessas de lucros e dividendos, que atingiram US$ 3,08 bilhões, contribuíram decisivamente para a conta de serviços e rendas apresentar um déficit de US$ 4,98 bilhões.


Com as transferências de brasileiros que vivem no exterior somando US$ 356 milhões líquidos, o superávit na conta corrente no mês ficou em apenas US$ 388 milhões. O superávit de dezembro foi maior que os US$ 200 milhões previstos pelo BC no mês passado, mas ficou pouco acima do piso das expectativas do mercado (US$ 300 milhões).


De acordo com Lopes, o crescimento do fluxo de remessas em todo o ano é conseqüência da valorização da taxa de câmbio, do próprio aumento no estoque de Investimento Estrangeiro Direto (IED) no país e da maior rentabilidade das empresas. O BC projeta para este ano remessas de US$ 15,2 bilhões, mas Lopes ressaltou que a projeção poderá ser revisada no fim do primeiro trimestre, até porque se espera que a taxa de crescimento da economia brasileira neste ano será maior que a de 2006.


Turismo


Segundo o Banco Central, tanto as despesas como as receitas com viagens atingiram os maiores valores da história, com US$ 5,764 bilhões e US$ 4,315 bilhões, respectivamente. O resultado líquido negativo de US$ 1,448 bilhão foi o maior desde 2001 (US$ 1,47 bilhão).


As despesas, que refletem os gastos de brasileiros no exterior, foram 22% maiores do que os US$ 4,72 bilhões de 2005. A valorização de 8,7% do real ante o dólar, segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, foi determinante para esse desempenho. Ele informou que do total deixado por brasileiros lá fora, US$ 3,12 bilhões foram via cartão de crédito. As receitas, que correspondem aos dólares trazidos por turistas, subiram 12% em relação aos US$ 3,86 bilhões de 2005.


Aumentam os investimentos do país no exterior


Num movimento inédito, os investimentos diretos de brasileiros no exterior superaram em 2006 os investimentos estrangeiros no Brasil. Foram US$ 27,251 bilhões remetidos e US$ 18,782 bilhões recebidos dos estrangeiros. Para o chefe do Departamento Econômico (Depec) do Banco Central (BC), Altamir Lopes, a inversão de sinais foi provocada pela tendência crescente de internacionalização das empresas brasileiras. “Isso não tem nada a ver com um ambiente hostil aos investimentos aqui”, disse.


Sozinha, a Vale do Rio Doce respondeu pela saída de cerca de US$ 14,6 bilhões. Todo o dinheiro foi usado na aquisição do controle da canadense Inco. O aumento dos investimentos brasileiros no exterior contou ainda com impulso dos US$ 1,2 bilhão gastos pela AmBev na compra das participações dos acionistas minoritários da cervejaria argentina Quilmes, e das operações de expansão das atividades do Bradesco e da Coteminas, cada uma em torno de US$ 1 bilhão.


Pelas projeções do BC, em 2007 o País receberá US$ 18 bilhões dos estrangeiros e verá sair cerca de US$ 10 bilhões. “A redução dos investimentos brasileiros no exterior ocorrerá porque não se espera nenhuma operação do porte da compra da Inco pela Vale.”


A expectativa, segundo Lopes, é de pulverização dos investimentos entre os setores da economia. Na primeira parcial de 2007, o BC já contabilizou uma saída de US$ 1,7 bilhão em investimentos de brasileiros fora do país.


Apesar de terem ficado abaixo dos investimentos brasileiros, os investimentos estrangeiros diretos de 2006 atingiram os maiores níveis desde os US$ 22,451 bilhões de 2001. Só em dezembro, foram US$ 2,487 bilhões, acima das expectativas do BC e do mercado.


 


 

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