Os dados da Abdib refletem um volume de investimentos aquém do necessário ao crescimento. A expansão do emprego e da renda no setor de bens de capital sob encomenda no Brasil – considerado um termômetro dos investimentos em infra-estrutura – nos últimos anos evolui de forma positiva, mas a um ritmo lento, o que demonstra um nível de investimentos aquém do necessário ao País.
Os dados da Abdib refletem um volume de investimentos aquém do necessário ao crescimento. A expansão do emprego e da renda no setor de bens de capital sob encomenda no Brasil – considerado um termômetro dos investimentos em infra-estrutura – nos últimos anos evolui de forma positiva, mas a um ritmo lento, o que demonstra um nível de investimentos aquém do necessário ao País.
De acordo com um estudo da Associação Brasileira da Infra-estrutura e Indústrias de Base (Abdib), o emprego dos trabalhadores diretamente ligados à produção no setor – que reúne fabricantes de bens como turbinas, geradores, torres de transmissão de energia, tubos e caldeiras, – aumentou 2% em 2006 em relação a 2005. No mesmo período, o emprego no total da indústria, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ficou praticamente estável (-0,02%).
O levantamento mostra que os salários seguiram o crescimento do emprego, e tiveram elevação de 5,8%, com ganho real de 2,6% entre 2005 e 2006. No intervalo de cinco anos, de 2002 a 2006, o aumento da ocupação foi de 12%, acompanhado de aumento real de 12,6% dos salários.
Para o presidente da Abdib, Paulo Godoy, apesar de positivos, os dados são tímidos na medida em que refletem um volume de investimentos aquém do necessário e a baixa competitividade das exportações brasileiras frente à valorização do real ante o dólar.
“Os investimentos crescem, mas devagar demais. As encomendas, os empregos e a renda crescem devagar demais também”, afirma Godoy, completando que a mão-de-obra nesse setor é qualificada e cara, e sua manutenção pressupõe “um volume constante, perene, sem interrupções, de investimentos e de encomendas”.
O vice-presidente da entidade, Ralph Lima Terra, acrescenta ainda a concorrência com os equipamentos importados principalmente do mercado asiático. “Os países da Ásia produzem com uma série de vantagens (tributárias, financeiras e de custos do trabalho) em relação ao Brasil, o que torna muito difícil a concorrência”. “Ou fazemos as reformas estruturais necessárias, ou vamos importar mão-de-obra qualificada do mundo inteiro”, alerta Lima Terra.
Evolução insuficiente
Alexandre Teixeira, analista da MCM Consultores Associados, faz referência aos dados do IBGE, que apontam um crescimento da produção de bens de capital sob encomenda em 2005 e 2006 – de 10,44% e 6,86%, respectivamente –, após dois anos de retração, mas ressalta que a evolução “é insuficiente do ponto de vista de um crescimento econômico de 4% a 5% ao ano”, como prevê o governo.
O vice-presidente da Abdib segue a mesma linha de raciocínio e afirma que o setor continuará crescendo em 2007, “mesmo porque as bases de comparação dos últimos anos ficaram muito reprimidas, mas poderíamos crescer com mais intensidade”.
Segundo Teixeira, os investimentos em infra-estrutura previstos no PAC não vão conseguir mudar o padrão de crescimento médio da economia nos últimos anos, mas ele observa que “qualquer coisa que se faça nessa área é benéfico, porque o setor é muito carente”.