Folha de São Paulo Editoria: Dinheiro Página: B-13
A baixa eficiência do governo colaborou para o Brasil perder cinco posições no ranking que mede a competitividade de 55 países. A economia brasileira aparece apenas na 49ª colocação no levantamento da suíça IMD (International Institute for Management Development), contra a 44ª em 2006.
“A burocracia, a carga tributária e o quadro fiscal deixam de ser fatores facilitadores do investimento no país e são muito menos favoráveis que os nossos avanços.
Folha de São Paulo Editoria: Dinheiro Página: B-13
A baixa eficiência do governo colaborou para o Brasil perder cinco posições no ranking que mede a competitividade de 55 países. A economia brasileira aparece apenas na 49ª colocação no levantamento da suíça IMD (International Institute for Management Development), contra a 44ª em 2006.
“A burocracia, a carga tributária e o quadro fiscal deixam de ser fatores facilitadores do investimento no país e são muito menos favoráveis que os nossos avanços. Essas deficiências irradiam um efeito [negativo] para todos os demais pilares do estudo”, explicou o professor Carlos Arruda, da Fundação Dom Cabral, parceira da IMD no Brasil e responsável pela coleta dos dados para o WCY (Relatório de Competitividade Mundial, na sigla em inglês).
Para ele, a baixa eficiência do governo -que ficou na 54ª colocação, melhor só que o da Venezuela- onera os custos da produção, afetando os outros três pilares do WCY (infra-estrutura, performance econômica e eficiência dos negócios).
O desempenho negativo do Brasil mostra que os fatores positivos da economia brasileira em 2006 -crescimento do PIB, aumento da renda das famílias e expansão das exportações com maior valor agregado- não foram suficientes para compensar as deficiências.
Arruda lembrou que os países da União Européia conseguiram recuperar posições porque tiveram um plano de longo prazo voltado para a competitividade, a chamada Estratégia de Lisboa, lançado em 2000. O principal destaque foi a Alemanha, que passou da 25ª colocação para a 16ª.
Por essa razão, Arruda crê que o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e o PDE (Plano de Desenvolvimento da Educação) sejam importantes, mesmo que demorem a surtir efeito. “São muito melhores do que nenhum plano. O PAC e o PDE são excelentes iniciativas para a reversão do processo de declínio do Brasil no ranking.”
Para Arruda, o Brasil precisa ampliar a capacidade de atrair novos investimentos, não só aqueles provenientes de investidores tradicionais (EUA, União Européia), mas os de China, Rússia e Índia.
Entre os latino-americanos, o Chile, que caiu três postos em relação a 2006, foi o mais bem colocado (26º lugar). O México perdeu duas posições, mas passou o Brasil, ficando em 47º.
Perspectivas
O WCY apresentou ainda as perspectivas da competitividade dos países para os próximos anos com base na performance de 1997 a 2006. A análise mostra a evolução da capacidade produtiva frente aos EUA, número um no ranking.
Neste quesito, o Brasil apresentou também um destaque negativo, estando entre os 15 países que apresentaram perda relativa do potencial de competitividade. A economia brasileira ficou na
49ª colocação
“O fato de estarmos nos distanciando é um problema. Sugere que a nossa competitividade no futuro tende a ser pior. Não é determinativo, mas é um indicativo”, disse Arruda.
Arruda lembrou ainda que o Brasil foi o único dos Brics (sigla para Brasil, Rússia, Índia e China) com desempenho negativo no ranking.