A capacidade de endividamento do consumidor brasileiro está chegando a seu limite e pode se refletir em uma redução do consumo de bens duráveis. A conclusão é do estudo “Expectativas de Consumo – Janeiro a Março de 2007”, conduzido pelo PROVAR – Programa de Administração de Varejo, da Fundação Instituto de Administração – FIA, em parceria com a Canal Varejo – Consultoria em Varejo de Bens e Serviços.
A capacidade de endividamento do consumidor brasileiro está chegando a seu limite e pode se refletir em uma redução do consumo de bens duráveis. A conclusão é do estudo “Expectativas de Consumo – Janeiro a Março de 2007”, conduzido pelo PROVAR – Programa de Administração de Varejo, da Fundação Instituto de Administração – FIA, em parceria com a Canal Varejo – Consultoria em Varejo de Bens e Serviços. A pesquisa considerou a intenção de compras de 500 consumidores para os seguintes segmentos do varejo: Automóveis, Autopeças, Casa, Mesa e Banho, Eletroeletrônicos, Foto e Ótica, Informática, Linha branca, Material de Construção, Móveis e Telefonia e Celulares.
Segundo os resultados da pesquisa, o percentual de consumidores que não pretendem adquirir produtos dos segmentos pesquisados subiu de 37,2% no primeiro trimestre de 2006, para 54,8% nos três primeiros meses de 2007. Em relação ao último trimestre de 2006, de 63,2%, o percentual baixou, indicando um discreto aumento do consumo.
“Os resultados continuam apontando para o problema da sobreposição e saturação dos meios de crediário e financiamento de bens duráveis”, explica o professor Claudio Felisoni de Ângelo, coordenador geral do PROVAR/FIA. “O que atualmente se observa é uma estagnação dos mecanismos de aquisição de crédito e o comprometimento de renda já adquirido pelos consumidores no passado e a prazos cada vez maiores”, diz o pesquisador.
Os produtos do segmento Linha Branca são os primeiros na lista dos consumidores, com 8,6% de intenção de compra, seguidos por produtos de Informática, com 7,4%. “Esta movimentação positiva deve-se, em parte, à estabilidade pela qual passa o valor cambial do dólar, pois muitos dos componentes dos produtos destes segmentos são atrelados à referida moeda”, esclarece Felisoni. Em terceiro lugar está o segmento Material de Construção, com 6% de intenção de compra, seguido por Telefonia e Celulares, que caiu do terceiro para o quarto lugar, com 5,4% de intenção de compra.
Além da intenção de compra, a pesquisa revela a quantia que os consumidores pretendem gastar nestas compras. Segundo os dados mensurados, o setor de Linha Branca apresentou um aumento de 86,48% no montante a ser gasto, passando de R$ 745,88, registrado no último trimestre de 2006, para R$ 1.390,93 neste trimestre. Já o segmento de Automóveis apresentou um aumento de 52,75% neste quesito. No quarto trimestre de 2006 o gasto previsto com o produto era de R$ 13 mil, agora passou a R$ 19,857 mil.
Em contrapartida, o segmento de Material de Construção, que está em terceiro lugar no ranking, sofreu uma queda significativa na intenção de gasto, 54,98%, passando de R$ 2.750,65 para R$ 1.238,33, resultado absolutamente inverso ao apresentado no último trimestre.Na avaliação do professor Claudio Felisoni, os dados demonstram que os baixos níveis de emprego e renda interferem na percepção do consumidor em relação à situação político-econômica vigente, influenciando diretamente o consumo de bens que apresentam características de aquisição planejada.
“Isto significa que, com menos dinheiro no bolso, seja pela renda comprometida ou pela diminuição das linhas de crédito, a intenção de consumo não se traduz em resultados substanciais, embora os dados apontem para um discreto incremento nas compras do trimestre”, conclui o pesquisador.
Um dos coordenadores da pesquisa, o professor Carlos Luppe destaca que uma das tendências apontadas nessa edição do estudo é a da redução do uso de instrumentos de crédito, como o crediário.