O fluxo de Investimentos Estrangeiros Diretos (IED) foi um dos destaques das contas externas brasileiras em novembro. Com desempenho acima das expectativas do mercado e do Banco Central (BC), o ingresso de IED ficou em US$ 2,668 bilhões em novembro, mais que o dobro do verificado em igual mês de 2005 – US$ 1,172 bilhão – e bem acima do registrado em outubro deste ano: US$ 1,722 bilhão. De janeiro a novembro, os investimentos estrangeiros somam US$ 16,296 bilhões (equivalentes a 1,92% do PIB), um aumento de 19,3% sobre o igual período de 2005 (US$ 13,66 bilhões).
O fluxo de Investimentos Estrangeiros Diretos (IED) foi um dos destaques das contas externas brasileiras em novembro. Com desempenho acima das expectativas do mercado e do Banco Central (BC), o ingresso de IED ficou em US$ 2,668 bilhões em novembro, mais que o dobro do verificado em igual mês de 2005 – US$ 1,172 bilhão – e bem acima do registrado em outubro deste ano: US$ 1,722 bilhão. De janeiro a novembro, os investimentos estrangeiros somam US$ 16,296 bilhões (equivalentes a 1,92% do PIB), um aumento de 19,3% sobre o igual período de 2005 (US$ 13,66 bilhões).
Os dados divulgados ontem pelo BC também mostraram que continua forte o movimento de investimentos brasileiros no exterior (IBD), que somaram US$ 2,12 bilhões em novembro e dezembro, até hoje, estavam em US$ 1,6 bilhão. De janeiro a novembro, o IBD ficou em US$ 24,95 bilhões, impulsionado pela compra da mineradora canadense Inco pela Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) – uma operação de cerca de US$ 18 bilhões.
Transações correntes. Já a conta de transações correntes, que registra todas as operações de comércio e serviços do país com o exterior, veio próxima das expectativas e fechou novembro em US$ 1,52 bilhão, acumulando no ano saldo de US$ 13,18 bilhão (1,55% do PIB). Nos 12 meses encerrados em novembro, o superávit em conta corrente ficou em US$ 13,75 bilhões (1,5% do PIB). Para dezembro, o BC projeta um saldo positivo entre US$ 100 milhões e US$ 200 milhões, o que faria a conta corrente encerrar o ano superavitária em US$ 13,3 bilhões – acima dos US$ 11,9 bilhões inicialmente projetados.
“O que chamou atenção nas contas externas em novembro foi o comportamento do IED, que mostrou número bastante considerável, puxado pelos setores de celulose e papel e telecomunicações. Também merece destaque o volume de investimentos brasileiros no exterior”, afirmou o economista da MB Associados, Sérgio Vale. Os dados do BC mostram que o IED para o setor de celulose e papel totalizou US$ 1,25 bilhão no mês passado e em telecomunicações alcançou US$ 780 milhões.
Apesar de esperar um movimento mais forte para a entrada de capital estrangeiro no país no fim do ano, o chefe do Departamento Econômico do BC (Depec), Altamir Lopes, também afirmou que o resultado do mês passado o surpreendeu. “Foi bastante acima da nossa expectativa de US$ 2 bilhões, que já era uma previsão forte”, disse Lopes.
O ingresso de capital estrangeiro continua ascendente este mês e até ontem somava US$ 1,65 bilhão e, de acordo com Lopes, devem chegar a US$ 2 bilhões até o dia 31. Com o cenário mais favorável, o BC ajustou a projeção para o IED no ano de US$ 180 bilhões para US$ 18,3 bilhões. “É comum no fim do ano os estrangeiros trazerem recursos já pensado no próximo ano”, explicou o técnico do BC.
Em relação aos investimentos brasileiros no exterior, que até ontem somavam US$ 1,6 bilhão, Sérgio Vale avalia que este é um sintoma de que as companhias brasileiras estão em busca de mais competitividade e de redução de custo. O BC estima que, em 2007, os empresários brasileiros devem investir no exterior US$ 10 bilhões.
Um dos efeitos que o aumento dos investimentos deverá provocar, ao longo do tempo, é a expansão das receitas de lucros e dividendos. Em novembro, as remessas de lucros e dividendos tiveram resultado líquido de US$ 763 milhões e no ano acumulam US$ 13,27 bilhões, ante US$ 10,44 bilhões em igual período de 2005. Neste mês, as remessas, que impactam a conta de serviços e, portanto, o saldo em conta corrente, somavam até ontem US$ 1,6 bilhão. Segundo Lopes, esse crescimento registrado em dezembro é sazonal.
O BC também estima que a dívida externa total do Brasil tenha atingido em novembro US$ 176,515 bilhões. Em setembro, último dado divulgado pela autoridade monetária para esta conta, a dívida externa era de US$ 159,56 bilhões. Lopes atribuiu esse crescimento essencialmente à operação de empréstimo feita “por ma mineradora brasileira” para comprar uma empresa estrangeira (ele se refere à compra da canadense Inco pela Vale do Rio Doce).
Gasto de turista
Os turistas estrangeiros que vieram ao Brasil gastaram US$ 3,92 bilhões de janeiro a novembro, contra US$ 3,86 bilhões em igual período de 2005. Os dados foram divulgados ontem pelo Banco Central (BC). O Ministério do Turismo informou que as receitas de viagens de janeiro a novembro marcam um recorde histórico para o setor no país.
“Estamos vivendo um momento histórico no turismo, tanto em 2005 como neste ano”, disse o ministro do Turismo, Walfrido dos Mares Guia, em nota à imprensa. “Até novembro, já superamos os números de 2005. Batemos todos os recordes de entrada de divisas da história do turismo. Chegaremos a 2007com mais de US$ 4,3 bilhões de receita cambial.”
Apesar do recorde comemorado pelo governo, os gastos de turistas brasileiros que vão ao exterior, estimulados pelo dólar barato, superam as despesas dos visitantes estrangeiros ao Brasil. Este ano, até novembro, foram US$ 5,25 bilhões, contra US$ 4,72 bilhões em igual período do ano passado. Assim, a chamada conta turismo fecha com saldo negativo.
De janeiro a novembro, a conta turismo teve saldo negativo de US$ 1,33 bilhão, acima dos US$ 821 milhões verificados em igual período do ano passado. Em dezembro, até ontem, o resultado parcial da conta de viagens mostrava um déficit de US$ 73 milhões.
BC aumenta em US$ 5 bi projeção de exportações em 2007
O Banco Centralelevou em US$ 5 bilhões a projeção para as exportações brasileiras em 2007, e agora espera que as vendas para o exterior somarão US$ 145 bilhões. Com a revisão, a expectativa para o saldo positivo da balança comercial em 2007 subiu na mesma magnitude – uma vez que a projeção para as importações foi mantida em US$ 110 bilhões – e está agora em US$ 35 bilhões.
Segundo o chefe do Departamento Econômico (Depec) do BC, Altamir Lopes, a elevação nas estimativas para as exportações e a balança comercial em 2007 se deve ao melhor no desempenho esperado para esses indicadores em 2006. “Como a base aumentou, os números para 2007 aumentaram. Nós mantivemos em 6% a taxa de crescimento esperada para as exportações no ano que vem”, explicou Lopes.
Para o saldo da balança comercial neste ano, o BC subiu a projeção de US$ 41 bilhões para US$ 44,5 bilhões. A expectativa para as exportações passou de US$ 132 bilhões para US$ 136,6 bilhões. Para as importações, o BC espera para 2006 um total de US$ 92,1 bilhões, ante US$ 91 bilhões da projeção anterior. Com esse crescimento e a manutenção da estimativa para 2007 em US$ 110 bilhões, a taxa de expansão das importações com que o BC trabalha para 2007 diminuiu de 21% para 19%.
O BC elevou as projeções de déficit na conta de serviços e rendas, que passou de US$ 31,5 bilhões para US$ 35 bilhões. Foram elevadas as projeções para remessas de lucros e dividendos (de US$ 14,5 bilhões para US$ 15,2 bilhões), gastos com juros (de US$ 8 bilhões para US$ 8,9 bilhões), viagens (US$ 1,5 bilhão para US$ 1,8 bilhão) e as demais contas registradas em serviços (de US$ 7,5 bilhões para US$ 9,1 bilhões). A estimativa para o superávit em conta corrente passou de US$ 2,5 bilhões para US$ 4,5 bilhões.