Os cortes na taxa básica de juros (Selic) têm tido pouco efeito nos ganhos obtidos pelos bancos na concessão de empréstimos. Pesquisa feita pelo Banco Central mostra que, de 11 modalidades de crédito para empresas e pessoas físicas, 7 sofreram aumento em seu “spread” entre outubro e novembro. Em 5 casos, o “spread” do mês passado é maior do que o de janeiro de 2005.
“Spread” é a diferença entre os juros que os bancos pagam para captar recursos no mercado e a taxa cobrada ao repassá-los a seus clientes.
Os cortes na taxa básica de juros (Selic) têm tido pouco efeito nos ganhos obtidos pelos bancos na concessão de empréstimos. Pesquisa feita pelo Banco Central mostra que, de 11 modalidades de crédito para empresas e pessoas físicas, 7 sofreram aumento em seu “spread” entre outubro e novembro. Em 5 casos, o “spread” do mês passado é maior do que o de janeiro de 2005.
“Spread” é a diferença entre os juros que os bancos pagam para captar recursos no mercado e a taxa cobrada ao repassá-los a seus clientes. No caso dos financiamentos a pessoas físicas, 3 dos 4 tipos de empréstimo acompanhados pelo BC registraram aumento de “spread”.
O maior aumento foi observado justamente na modalidade mais popular, o crédito pessoal: nesse caso, o “spread” subiu de 45,3 pontos percentuais para 45,7 pontos percentuais.
Isso significa que, ainda que a taxa Selic estivesse zerada, o banco cobraria do seu cliente juros de 45,7% ao ano. Essa margem serve para cobrir os custos das instituições financeiras com itens como tributos, pagamento de funcionários, manutenção de agências e perdas com inadimplência. O “spread” também contribui para a lucratividade dos bancos.
Segundo as instituições financeiras, é justamente a elevada carga tributária um dos motivos do elevado “spread” praticado no Brasil. As maiores críticas são direcionadas ao chamado compulsório -parcela dos depósitos dos clientes que os bancos são obrigados a recolher no BC.
Levantamento feito pela Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) mostra que, no Brasil, o nível do compulsório é o mais alto do mundo. No país, o recolhimento atinge 53% do saldo em conta corrente. No segundo colocado da lista, a Colômbia, a parcela é de 13%.
A Febraban também ressalta o aumento da inadimplência ocorrido nos últimos meses. Em novembro, os atrasos de mais de 90 dias nos pagamentos atingiam 5,1% dos empréstimos. Em janeiro de 2005, essa proporção estava em 3,6%.
Juros mais baixos
Mesmo com o “spread” em níveis elevados, os juros cobrados pelos bancos estão nos patamares mais baixos dos últimos anos. A taxa média de todos os empréstimos chegou a 40,7% no mês passado, a menor desde 2000. O “spread” médio também caiu entre outubro e novembro, de 27,8 pontos percentuais para 27,6.
O problema é que o recuo do “spread” médio é reflexo de uma certa distorção, pois houve uma maior redução no custo dos empréstimos para grandes empresas, cujos financiamentos são remunerados a taxas próximas à Selic. Se consideradas as operações de menor valor, o “spread” sobe.
Veículos
Nos créditos a pessoas físicas, só o “spread” dos financiamentos para a compra de veículos recuou -de 18,8 pontos para 18,7 pontos- entre outubro e novembro. Nas outras três -cheque especial, crediário e crédito pessoal-, houve alta. Entre as empresas, 4 das 7 modalidades tiveram elevação no “spread”.
As 11 modalidades analisadas pelo Banco Central se referem a operações prefixadas, em que a taxa de juros cobrada é definida no momento da liberação do crédito. Esse tipo de transação responde por 70% dos empréstimos concedidos pelo sistema bancário com recursos livres -não incluem os financiamentos com taxas controladas pelo governo.