Mercado crava aposta em juro de 12,5%

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O Estado de São Paulo  Editoria: Economia  Página: B-7


Mesmo com um cenário amplamente favorável, a maioria dos analistas do mercado financeiro aposta que, mais uma vez, o Comitê de Política Monetária (Copom) vai reduzir a taxa Selic em apenas 0,25 ponto porcentual, para 12,50% ao ano. A explicação dos especialistas para a previsão conservadora é que do Banco Central (BC) não veio nenhuma sinalização de mudança.

O Estado de São Paulo  Editoria: Economia  Página: B-7


Mesmo com um cenário amplamente favorável, a maioria dos analistas do mercado financeiro aposta que, mais uma vez, o Comitê de Política Monetária (Copom) vai reduzir a taxa Selic em apenas 0,25 ponto porcentual, para 12,50% ao ano. A explicação dos especialistas para a previsão conservadora é que do Banco Central (BC) não veio nenhuma sinalização de mudança. Mas eles garantem que ficarão atentos à próxima ata do Copom para encontrar algum indicativo de que o ritmo será mudado em junho.


Com a redução desta semana, a taxa Selic atingirá um dos níveis mais baixos da história. Porém, o País ainda continuará na posição de campeão mundial de juro real (descontada a inflação projetada para os próximos 12 meses). De acordo com cálculos da consultoria UPTrend, com o corte de 0,25 ponto porcentual, a taxa atingirá 8,5% ao ano, acima de Turquia (6%), Israel (5,4%) e China (3,6%).


Outro fator que afasta comemorações é um estudo dos economistas Edmar Bacha (do Instituto de Estudos de Política Econômica), Márcio Holland (Escola de Economia da FGV) e Fernando Gonçalves (do FMI), mostrando que o País já reúne boas condições para respaldar uma taxa nominal na casa de 10,5% ao ano e juro real de 6,5%, sem riscos.


Mas a expectativa do mercado financeiro é que a Selic termine um ano acima desse patamar. Segundo o relatório Focus, do BC, divulgado ontem, as estimativas de juros para o fim do ano recuaram de 11,50% para 11,25%. Para o fim de 2008, as projeções de juros ficaram inalteradas em 10,50%.


O economista da Modal Asset Management, Alexandre Póvoa, é um dos que discordam da decisão do BC de diminuir o ritmo de queda da Selic. Na avaliação dele, os números mais fortes de inflação no início do ano – justificativa usada pelos integrantes do Copom para mudar o ritmo de queda – estão se dissipando por causa da queda do preço dos alimentos. ‘Os juros do Brasil estão fora do lugar’, alerta ele. Apesar disso, ele também aposta numa redução de 0,25 ponto amanhã.


Primeiro porque o BC pode justificar o conservadorismo pelo ritmo de atividade um pouco mais forte. Além disso, esta é a primeira reunião do Copom com os novos diretores da autoridade monetária. ‘A probabilidade de uma queda maior é muito baixa nessas circunstâncias’, afirma Póvoa.


O economista da Sul América Investimentos, Newton Rosa, também acredita que o quadro econômico do País respaldaria uma decisão mais agressiva, mas prevê corte de 0,25 ponto. Na opinião dele, além da inflação abaixo da meta, o fato de o câmbio estar valorizado também justificaria uma redução maior. ‘Mas não acredito que isso vá ocorrer. Por outro lado, a queda do dólar tornará o ciclo de corte da Selic mais longo’, afirma o economista, que reviu a previsão para a taxa de juros no fim do ano, de 11,75% para 11,25% ao ano.


Para a economista do Banco Fibra, Maristella Ansanelli, a expectativa de um corte maior que 0,25 ponto nem foi estudada pela instituição. ‘O BC sinalizou que ia reduzir o ritmo de corte dos juros e tornar o ciclo de queda mais longo. E é o que deve ocorrer’, diz ela, destacando a reação da atividade econômica como um fator para o corte de 0,25 ponto porcentual.


 

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