Após um ano com crescimento econômico frustrante, a expectativa para 2007 é de leve melhora no desempenho do Produto Interno Bruto (PIB). A promessa de crescimento de 5% no primeiro ano do segundo mandato do governo Lula está mais uma vez longe de ser cumprida, na avaliação de especialistas. A projeção média de 100 analistas de mercado, pelo Relatório Focus, do Banco Central, é de uma alta de 3,5% do PIB este ano, mas há economistas ainda menos otimistas.
Após um ano com crescimento econômico frustrante, a expectativa para 2007 é de leve melhora no desempenho do Produto Interno Bruto (PIB). A promessa de crescimento de 5% no primeiro ano do segundo mandato do governo Lula está mais uma vez longe de ser cumprida, na avaliação de especialistas. A projeção média de 100 analistas de mercado, pelo Relatório Focus, do Banco Central, é de uma alta de 3,5% do PIB este ano, mas há economistas ainda menos otimistas. O próprio BC já divulgou sua estimativa de que o PIB cresça 3,8% em 2007, com expansão em todos os setores da economia, à exceção de serviços.
No terceiro trimestre de 2006, o PIB cresceu apenas 0,5% em relação ao trimestre imediatamente anterior, na série com ajuste sazonal, e 3,2% comparação com o terceiro trimestre de 2005. Nos 12 meses até setembro, o PIB cresceu apenas 2,3%. Apesar da boa notícia de alta de 6% dos investimentos entre janeiro e setembro de 2006, ainda não é possível prever uma expansão muito expressiva do PIB em 2007.
ciclo positivo.”É verdade que entramos em um ciclo de crescimento positivo e contínuo e não vejo chances de aborto em 2008 ou 2009, mas não vejo grande chance de aceleração do PIB em 2007. Nossa estimativa é de uma alta de 2,8% do PIB este ano. A economia continuará crescendo, mas não vai ser um estouro da boiada”, afirma o professor do Ibmec e economista da MB Associados, Sérgio Vale. Ele define sua expectativa em relação a 2007 como realista e aponta que projeções mais próximas dos 4% são otimistas demais e dificilmente serão concretizadas.
A expectativa por um crescimento em torno dos 3% é compartilhada pela professora da FGV Management Virene Roxo Matesco. Para a economista, não foram criadas as condições necessárias para uma expansão mais significativa do PIB e o preço será mais um ano de crescimento fraco.
“Para alcançar altas e continuadas taxas de crescimento da economia e da renda per capita ao longo do tempo é necessário, antes de tudo, elevar a participação da formação bruta de capital fixo no PIB para níveis superiores a 25%. O Brasil não foi preparado para crescer acima de 3%, não basta o governo querer. Não houve investimento”, aponta Virene.
Tampouco está mais animado o professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA/USP) Fábio Kanczuk. Para avançar o crescimento em um ritmo superior ao atual, e de forma sustentada, é preciso fazer reformas, defende. “O principal é mexer no tamanho do Estado. Começam a aparecer sinais que o pacote econômico que será anunciado em janeiro trará poucas novidades e talvez troque seis por meia dúzia”, diz ele, que não acredita em alta do PIB muito além de 3%.
O mercado interno será o principal motor da economia brasileira em 2007, puxado pela indústria e pelo varejo, na avaliação de Kanczuk. Entre os setores citados por ele como os de maior potencial, estão a construção civil, vestuário e calçado, setor automobilístico, alimentos e higiene e limpeza. “O ano de 2007 será determinado pelo mercado interno”, destaca.
Agropecuária em alta e indústria com o dólar de freio
Após dois anos de crise, a agropecuária manterá em 2007 a recuperação já apresentada em 2006. A demanda mundial deve permanecer forte, com expectativa de bons preços para a maior parte das commodities. O milho e a carne bovina devem ser as commodities de maior destaque. A estimativa de Sérgio Vale é de uma alta de 3% na agropecuária em 2007, confirmando a franca recuperação.
O desempenho da indústria também tende a melhorar em 2007, impulsionado pela melhoria da renda, expansão do emprego e do crédito. Um dos destaques será a construção civil, que favorecida pelo crédito e pelas medidas de desoneração tributária do governo deve acelerar sua expansão este ano.
O câmbio apreciado, embora estável, será a principal razão para a moderada aceleração da produção industrial em 2007. Se por um lado vai mais uma vez prejudicar o desempenho das exportações em volume, por outro continuará afetando a competitividade da economia, deslocando a produção doméstica por bens importados. A projeção da MB Associados é de aumento de 3,5% do PIB da indústria em 2007, após uma alta estimada em 3% em 2006.