Antonio Oliveira Santos
Presidente da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo
A economia brasileira teve uma bolha de crescimento no ano 2000, basicamente devida às privatizações, que trouxeram para o País investimentos estrangeiros no valor global de US$ 33 bilhões. Nos últimos 10 anos, porém, as atividades econômicas estiveram em recessão. Este ano de 2004 marcará o início de um novo período de crescimento, cuja origem pode ser encontrada no extraordinário aumento da produtividade do setor agropecuário.
Antonio Oliveira Santos
Presidente da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo
A economia brasileira teve uma bolha de crescimento no ano 2000, basicamente devida às privatizações, que trouxeram para o País investimentos estrangeiros no valor global de US$ 33 bilhões. Nos últimos 10 anos, porém, as atividades econômicas estiveram em recessão. Este ano de 2004 marcará o início de um novo período de crescimento, cuja origem pode ser encontrada no extraordinário aumento da produtividade do setor agropecuário. A partir daí, ganharam força as exportações, ajudadas pela entrada da China no mercado internacional. Por sua vez, o aumento da renda no setor rural desencadeou a expansão do setor industrial, favorecido, também, pela retomada das exportações de produtos manufaturados para a Argentina, México e Estados Unidos, principalmente.
Se essa análise está correta, tudo terá começado com a agricultura e, por trás dela, vamos encontrar a EMBRAPA, criada em 1973, com suas extraordinárias pesquisas e inovações tecnológicas, que promoveram uma verdadeira revolução no aumento da produtividade.
O crescimento das exportações pôs em marcha um movimento global de expansão do mercado interno, ajudado pelo crescimento do crédito bancário. O volume de crédito, nos últimos 12 meses, aumentou 22,5% para o setor rural, 26,6% para o comércio (capital de giro) e 28,2% para pessoas físicas (financiamento direto ao consumidor), comparado com uma inflação (IPCA) de 6,7%.
No conjunto, até agosto, verifica-se uma expansão de 8,8% da produção industrial, com aumento de 26,2% no setor de máquinas e equipamentos. O faturamento real do comércio, paralisado durante seis anos, está registrando um aumento de 7,4%, de janeiro a julho deste ano.
O Brasil está vivendo, pois, o início de um círculo virtuoso de crescimento econômico, em que a agricultura puxa a indústria, o comércio puxa o mercado interno e começa a crescer o nível de emprego e de renda. A sustentação desse movimento de prosperidade (desenvolvimento sustentado) vai depender, agora, do Governo. Isso porque existem dois graves obstáculos ao crescimento econômico: a brutal carga tributária, que suga as poupanças do setor privado e inibe os investimentos, e a ausência de obras de infraestrutura, cerceadas pela falta de iniciativa governamental, pela burocracia e pelas restrições ambientais. O Brasil está ficando para trás, na disputa pelos investimentos estrangeiros, e do 3º lugar no rank já baixou ao 17º. Não há confiança dos investidores na burocracia oficial brasileira. E isso precisa mudar.
Até agora, tudo foi feito pelo setor privado. Chegou a hora da mobilização do setor público, inclusive do Congresso Nacional, não só para ajudar, como para não atrapalhar.
Publicado no jornal Gazeta Mercantil, 21 de outubro de 2004.