Para o consumidor, juro continua pesado

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Marcelo Rehder


As taxas cobradas por bancos e financeiras nas operações de crédito ao consumidor são cerca de dez vezes maiores do que a remuneração da Selic, os juros básicos da economia determinados pelo Banco Central (BC). Desde setembro de 2005, quando o BC começou a afrouxar a política monetária, a Selic caiu um terço, de 19,75% para 13,25% ao ano em dezembro passado. Nesse período, a taxa média anual cobrada ao consumidor teve um queda irrisória, de 141,12% para 135,53% no mesmo período.

Marcelo Rehder


As taxas cobradas por bancos e financeiras nas operações de crédito ao consumidor são cerca de dez vezes maiores do que a remuneração da Selic, os juros básicos da economia determinados pelo Banco Central (BC). Desde setembro de 2005, quando o BC começou a afrouxar a política monetária, a Selic caiu um terço, de 19,75% para 13,25% ao ano em dezembro passado. Nesse período, a taxa média anual cobrada ao consumidor teve um queda irrisória, de 141,12% para 135,53% no mesmo período.


“É uma diferença impressionante”, disse Miguel Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), que coordena uma pesquisa mensal sobre os juros cobrados ao consumidor no País.


Na avaliação de Oliveira, entre os principais motivos pelos quais o consumidor paga taxas mais amargas está a falta de competição acirrada entre os bancos e financeiras nesse mercado, apesar do aumento da demanda por financiamento. Para definir os juros, afirmou, prevalece a lei da oferta e procura.


“É como comprar chuchu na feira: se o produto estiver em falta, o preço sobe; se estiver sobrando, fica mais barato”, compara. “Se louvesse poucos tomadores de crédito e muitos bancos querendo emprestar, a competição derrubaria as taxas.”


O problema é que o consumidor não costuma pesquisar nem comparar juros na hora tomar empréstimo. Muitas vezes nem sequer tem idéia da taxa que é cobrada. É o caso da estudante Elisandra da Silva de Nascimento, de 23 anos, que ontem aguardava na fila de uma financeira no centro de São Paulo para pedir um segundo empréstimo. “Sei apenas que, no final, acabo pagando quase o dobro do valor do empréstimo.”


Além da falta de competição, há fatores que encarecem os juros de mercado e compõem o chamado spread bancário – a diferença entre a taxa que as instituições pagam para captar dinheiro e a taxa cobrada nos financiamentos ao consumidor. Entre esses “custos”, estão a cunha fiscal formada por impostos e compulsórios, o risco de inadimplência da operação de empréstimo, as despesas administrativas e a margem de lucro das instituições, além do próprio custo do dinheiro financiado, que é determinado pela Selic.


Segundo a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), de cada R$ 100 de receita financeira obtida pelos bancos, a margem líquida embolsada pelos seus acionistas foi de R$ 8,10.

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