Em palestra nesta terça-feira (10) na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), o presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Eduardo Pereira Nunes, explicou aos senadores que a mudança metodológica no cálculo do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, que resultou em uma revisão para cima do crescimento econômico dos últimos anos, não corrigiu dados. Segundo ele, as alterações apenas tiveram como objetivo refletir com maior exatidão o funcionamento real da economia a partir da incorporação de novas fontes de dados no cálculo.
Em palestra nesta terça-feira (10) na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), o presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Eduardo Pereira Nunes, explicou aos senadores que a mudança metodológica no cálculo do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, que resultou em uma revisão para cima do crescimento econômico dos últimos anos, não corrigiu dados. Segundo ele, as alterações apenas tiveram como objetivo refletir com maior exatidão o funcionamento real da economia a partir da incorporação de novas fontes de dados no cálculo.
– A tendência da economia não foi alterada por causa da base nova. O que aconteceu é que a magnitude da economia foi reavaliada porque temos mais informações disponíveis em nosso país, devido à realização de mais pesquisas ao longo da década de 90 – informou Eduardo Pereira Nunes.
O presidente do IBGE explicou que as alterações na projeção, que elevaram o PIB de 2006 de 2,9% para 3,7%, ocorreram porque o IBGE passou a adotar no Sistema de Contas Nacionais a modalidade de cálculo recomendada pela Organização das Nações Unidas (ONU), elaborada em 1953, com atualizações realizadas em 1968 e 1993.
– Há mais informações disponíveis e mais setores envolvidos nas pesquisas, que também passaram a ser realizadas anualmente e, portanto, com maior regularidade, pois antes eram feitas a cada cinco anos, o que dificultava bastante – explicou Eduardo Pereira Nunes, em entrevista à Agência Senado após a palestra.
O presidente do IBGE explicou também por que somente a partir deste ano o IBGE resolveu divulgar os dados com base na recomendação da ONU. Segundo ele, o programa de reformulação de pesquisas econômicas do IBGE teve início na década de 90, mas somente a partir desta última década foi possível implantá-lo, devido a vários fatores. Entre as causas citadas, estão a alta inflação registrada no país durante um longo período; a política de disponibilidade de servidores públicos no governo Collor, e o programa de incentivo à demissão voluntária no governo Fernando Henrique Cardoso; além da falta de regularidade narealização de censos demográficos e econômicos.
Para Eduardo Pereira Nunes, foi justamente a reformulação das pesquisas econômicas a partir dos anos 90 que permitiu a construção da Base de 2000 do Sistema de Contas Nacionais, apoiado em estatísticas contínuas e anuais de referência. Nessa nova metodologia, as pesquisas são realizadas em setores da indústria, do comércio, dos serviços, da construção e ainda com base nos resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio e da Pesquisa de Estatísticas Econômicas da Administração Pública, além de outras.
Segundo o presidente do IBGE, na base antiga de cálculo das estatísticas realizadas pelo instituto, eram considerados somente dados relacionados a famílias, empresas e governos. Agora, com a nova sistemática de informações, foram agregadas a esse conjunto as instituições sem fins lucrativos como os partidos políticos, as organizações não-governamentais (ONGs) e as associações religiosas, por exemplo.
Logo após a palestra do presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Eduardo Pereira Nunes, sobre a nova modalidade de cálculo do Produto Interno Bruto (PIB), vários senadores da CAE elogiaram os ajustes metodológicos introduzidos pelo instituto para adequação às recomendações da Organização das Nações Unidas (ONU).
O senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) afirmou que o trabalho realizado pelo IBGE de acompanhamento e aferição do crescimento do país é da maior importância. Na opinião de João Tenório (PSDB-AL), O IBGE é um órgão da maior importância para a vida nacional, pois oferece informações de qualidade para a sociedade como um todo. Já Jayme Campos (DEM-MT) observou que tem profunda admiração pelo trabalho realizado pelo instituto.
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) perguntou ao presidente do IBGE se as organizações sem fins lucrativos são avaliadas pelo instituto e recebeu, como resposta, que pela base antiga de cálculo, elas eram ignoradas, mas a partir dessa nova sistemática, são também pesquisadas, ao lado de outros setores.
Ao questionar Eduardo Pereira Nunes sobre a regularidade das pesquisas de desempenho realizadas anualmente pelo IBGEem alguns setores da economia , o senador Adelmir Santana (DEM-DF) descobriu que alguns levantamentos são feitos até mensalmente, com o objetivo de obtenção de dados mais precisos.
– Fazemos pesquisas mensais na indústria e no comércio e estamos trabalhando para que no setor de serviços as pesquisas também passem a ser mensais – afirmou o presidente do IBGE.
Com relação à explicação de Eduardo Pereira Nunes sobre a nova sistemática de cálculo com base em moldes internacionais, o senador Cícero Lucena (PSDB-PB) questionou o presidente do IBGE se havia alguma disparidade na metodologia adotada no Brasil em relação aos demais países. Ouviu do presidente do instituto que, na América Latina, os sistemas mais avançados são adotados no Brasil, no México, na Colômbia e no Chile. Já na Argentina e na Venezuela, os respectivos sistemas de contas são mais simplificados, segundo Eduardo Pereira Nunes.
O presidente da CAE, senador Aloizio Mercadante (PT-SP), observou que o IBGE já vinha reformulando seu sistema de pesquisas econômicas desde a década de 90, mas, devido às altas taxas de inflação verificadas no país no período de 1980 a 1994, foi impossível implantar novos modelos no Brasil.
– Hoje, com a estabilidade econômica, estamos num caminho que permite essa nova sistemática adotada pelo IBGE – afirmou Mercadante.
Os senadores Fernando Collor (PTB-AL) e Jefferson Péres (PDT-AM) também participaram do debate.
Agência Senado, 10 de abril de 2007.