Jornal do Commercio Editoria: Economia Página: A-4
Favorecida pela queda nos preços dos produtos agrícolas no atacado (-1,73%), principalmente da soja (-2,24%), a primeira prévia do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) de abril caiu 0,16%, ante aumento de 0,19% em igual prévia em março – a menor em um ano.
Jornal do Commercio Editoria: Economia Página: A-4
Favorecida pela queda nos preços dos produtos agrícolas no atacado (-1,73%), principalmente da soja (-2,24%), a primeira prévia do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) de abril caiu 0,16%, ante aumento de 0,19% em igual prévia em março – a menor em um ano. O resultado surpreendeu positivamente o mercado financeiro hoje, que não esperava deflação, e abre espaço para que o índice encerre o mês com uma taxa reduzida, menor do que a de março (0,34%).
Usado para reajustar preços de aluguel e de energia elétrica, o IGP-M acumula alta de 0,95% no ano e de 4,54% em 12 meses, até a primeira prévia de abril, que vai do dia 21 a 31 de março. A taxa negativa não surpreendeu o coordenador de Análises Econômicas da FGV Salomão Quadros. “Não há nada anormal nessa deflação da primeira prévia, pelo contrário; agora que as coisas estão voltando ao normal”, avaliou o economista. Ele explicou que, nessa época do ano, as colheitas dos mais importantes produtos agrícolas se iniciam. Esse cenário leva a um aumento da oferta dos itens no mercado interno – o que derruba os preços, por conseqüência.
De acordo com ele, na primeira prévia de março deste ano, a colheita da soja já tinha iniciado, mas naquela época isso não influenciou o preço do produto, que continuou subindo, com alta 2,09%. “Os (preços dos) produtos agrícolas estavam reagindo mais devagar. Agora o preço dos agrícolas, e da soja, estão caindo, e isso faz sentido com o que está acontecendo com o setor nessa época do ano”, afirmou.
Graças ao cenário positivo no setor agrícola, os preços no setor atacadista, de maior peso na formação do IGP-M, despencaram na primeira prévia, com queda de 0,37%, ante alta de 0,18% em igual prévia em março. Para Quadros, a soja foi o grande destaque no setor. O produto é o de segundo maior peso na formação da inflação do atacado, perdendo apenas para o óleo diesel. “Com esse peso, e em queda, (a soja) produz um grande impacto de baixa”, disse.
Os preços mais baratos no setor agrícola não foram sentidos somente no atacado. A inflação no varejo também perdeu força (de 0,18% para 0,15%) da prévia de março para a de abril, beneficiada pela elevação de preços mais fraca nos preços dos alimentos (de 0,65% para 0,12%). “Os alimentos, principalmente os in natura, estão com os preços em queda ou desacelerando. É um movimento que está bem espalhado”, afirmou.
Como exemplos, citou a desaceleração nos preços de hortaliças e legumes (de 3,85% para 2%), e as quedas nos preços de frutas (-0,27%) e adoçantes (-1,84%). Já os preços na construção civil aceleraram (de 0,25% para 0,43%), pressionados por aumento nos preços de mão-de-obra (0,62%). Mas isso não foi o suficiente para conter a influência dupla de desaceleração de preços, no atacado e no varejo, de maior peso na formação da taxa da primeira prévia.