Mais de 50% dos consumidores compram produtos piratas, segundo pesquisa divulgada ontem pelo Programa de Administração de Varejo (Provar) da Fundação Instituto de Administração da USP.
Mais de 50% dos consumidores compram produtos piratas, segundo pesquisa divulgada ontem pelo Programa de Administração de Varejo (Provar) da Fundação Instituto de Administração da USP. Realizada em parceria com a Canal Varejo Consultoria de Mercados de Bens e Serviços, a pesquisa ouviu 500 pessoas na cidade de São Paulo e constatou que 55,4% dos entrevistados compraram recentemente algum item do chamado comércio alternativo, que não recolhe impostos nem respeita marcas.
A sondagem mostra também que 60,3% dos consumidores desse tipo de mercadoria pouco se importam de levar produtos falsificados. Além disso, 66% desconhecem a relação existente entre os produtos piratas e o crime organizado.
Os números impressionam porque o porcentual cresce conforme aumenta a faixa de renda. O estudo revela que 69% dos entrevistados com renda mensal de até 2,5 salários mínimos não percebem essa relação com o crime. Entre os consumidores que recebem mais de cinco salários mínimos, essa proporção sobe para 73%.
“Esses resultados mostram que, embora o consumidor esteja cada dia mais atento às atitudes responsáveis das empresas, o mesmo critério não é referência quando ele se vê diante de seu próprio ato de comprar”, diz Cláudio Felisoni de Angelo, coordenador geral do Provar.
Segundo a pesquisa, 91,7% dos entrevistados responderam que o preço mais em conta é a principal motivação para a compra de produtos piratas. O valor médio das compras é de R$ 35,00 e o local preferido, para 47,6% dos entrevistados, é o centro da cidade.
A pesquisa revela que 35,2% dos entrevistados sempre fazem compras de produtos piratas. Os CDs e DVDs lideram a lista dos mais procurados, com 69,4% das preferências. A seguir, vêm roupas (29,8%), brinquedos (24,7%) e bijuterias (22,6%).
“A pirataria é um problema cultural e social no Brasil”, diz o coordenador do Provar. “Ao adquirir um produto falsificado, o consumidor não tem idéia do mal que causa a si próprio e ao desenvolvimento do País”. Tanto que 21,1% dos entrevistados acham que adquirir produtos clandestinos traz status, o que é “um contra-senso”.
Segundo o Ministério da Justiça, a cada ano cerca de R$ 30 bilhões deixam de ser arrecadados em impostos em razão da pirataria. Estima-se que, para cada emprego informal criado (em novas barracas de camelôs nas ruas, por exemplo), seis postos de trabalho com carteira assinada são perdidos. “Cerca de 2 milhões de empregos são fechados ou deixam de ser abertos todos os anos por causa da pirataria”, diz o professor.”