A valorização do real não é um problema apenas da moeda brasileira, mas resultado da conjuntura americana de desequilíbrio e da desvalorização do dólar em comparação a outras moedas. A questão relativa ao dólar será um dos temas de debates entre os maiores bancos centrais do mundo que se reúnem na Basiléia.
Os xerifes do mercado financeiro internacional participam do encontro do Banco de Compensações Internacionais (BIS) para avaliar o estado da economia global e como a desaceleração da economia americana poderia ser compensada pelo crescimento em outras partes do mundo.
A valorização do real não é um problema apenas da moeda brasileira, mas resultado da conjuntura americana de desequilíbrio e da desvalorização do dólar em comparação a outras moedas. A questão relativa ao dólar será um dos temas de debates entre os maiores bancos centrais do mundo que se reúnem na Basiléia.
Os xerifes do mercado financeiro internacional participam do encontro do Banco de Compensações Internacionais (BIS) para avaliar o estado da economia global e como a desaceleração da economia americana poderia ser compensada pelo crescimento em outras partes do mundo. O Brasil está representado pelo presidente do BC, Henrique Meirelles.
Nas últimas semanas, BCs de vários lugares passaram a ser atacados pelos setores produtivos de seus países acusando os respectivos governos de não tomarem medidas para evitar a valorização de suas moedas. Para os participantes da reunião, as críticas não são ideológicas e vem desde a direita francesa contra o BCE como da esquerda brasileira contra a política macroeconômica do governo.
Na avaliação de participantes do encontro do BIS, a realidade é que não é apenas o Brasil quem está sofrendo com a valorização de sua moeda. O fenômeno da valorização de moedas locais ainda está tendo implicações no Egito, Colômbia, Canadá, Austrália e Peru. “É um fenômeno global diante do desequilíbrio das contas americanas”, disse um banqueiro.
O euro, por exemplo, bateu níveis recordes na semana passada em relação ao dólar. Com isso, os partidos socialistas francês e alemão chegaram a assinar uma declaração pedindo que o BCE olhe para as repercussões de suas medidas na produção regional. Em Bruxelas, autoridades se defendem e preferem apontar para a consolidação do euro como moeda de parâmetro. “O euro já é moeda de referência em mais de 50 países”, afirma uma fonte européia que participa do encontro do BIS.
Analistas na Basiléia acreditam que, diante da generalização do fenômeno, as perdas para os países em termos de exportação não serão tão profundas. No Brasil, 20% das exportações têm como destino o mercado dos Estados Unidos, ainda que praticamente todas estejam denominadas na moeda americana. Além disso, o preço relativo em dólares não se alteraria.
ALERTA
Apesar de ser mais um que sofre com a desvalorização do dólar, o caso do Brasil é acompanhado de perto pelas autoridades monetárias latino-americanas, principalmente em relação aos custos que o BC terá no País para manter o real.
Na semana passada, o BC destinou bilhões na compra de dólares. O valor deixou várias autoridades monetárias latino-americanas em alerta. Brasília, porém, rejeita a teoria de que “gastou” dinheiro e o que houve foi meramente compra de dólares. “Todos estão olhando para o Brasil para saber como o País irá se comportar em relação à valorização da sua moeda”, afirmou o presidente de um BC latino-americano, que pediu para não ser identificado.
No Chile, autoridades monetárias dizem que também vêm sofrendo grande entrada de dólares. A alternativa para evitar a valorização excessiva da moeda tem sido a acumulação de reservas em investimentos no exterior, e não no próprio país.