A queda do saldo da balança comercial, registrada nos últimos 12 meses, reforça o discurso de setores industriais que cobram do governo uma atuação mais firme para conter a valorização excessiva do real ante o dólar.
‘Estamos alertando o governo, desde o ano passado, que o comércio exterior brasileiro vai mal, muito mal’, diz Carlos Cavalcanti, diretor do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Para ele, o fato de o País ter acumulado saldos crescentes na balança comercial dá a falsa impressão a al
A queda do saldo da balança comercial, registrada nos últimos 12 meses, reforça o discurso de setores industriais que cobram do governo uma atuação mais firme para conter a valorização excessiva do real ante o dólar.
‘Estamos alertando o governo, desde o ano passado, que o comércio exterior brasileiro vai mal, muito mal’, diz Carlos Cavalcanti, diretor do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Para ele, o fato de o País ter acumulado saldos crescentes na balança comercial dá a falsa impressão a alguns setores do governo de que a saúde econômica do comércio exterior brasileiro vai bem. ‘ A gente está alertando já há bastante tempo que o crescimento da quantidade física de produtos exportados vem caindo vertiginosamente.’ No ano passado, o aumento da quantidade de produtos exportados pelo Brasil foi de apenas 3% em relação a 2005.
‘Com a dólar a R$ 2,04, a tendência é de que os superávits caiam, mesmo que as exportações continuem crescendo, porque as importações vão crescer muito mais’, diz o diretor da Fiesp. Ele lembra que o número de empresas exportadoras caiu para 17 mil em 2006, frente a 19 mil em 2004. ‘Duas mil empresas foram expulsas do mercado por problemas de competitividade relacionados ao câmbio’.
Com base nos números do próprio governo, a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) mostra que o superávit comercial tem caído mês a mês. Segundo José Augusto de Castro, vice-presidente da entidade, de janeiro a março, o saldo da balança brasileira teve queda de 6% em relação a igual período do ano passado. Até fevereiro, a queda era de 4,5%.
A AEB calcula que o saldo deste ano deverá ficar entre US$ 37 bilhões e US$ 38 bilhões, um recuo de 15,9% ou 13,6%, pela ordem, em comparação com os US$ 44 bilhões de 2006.
‘Até agora, o crescimento das exportações tem sido sustentado pelas commodities, cujos preços estão em alta’, observa Castro. ‘O problema é que o mundo está bastante volátil e tudo indica que esses produtos vão perder força, o que afetaria automaticamente o Brasil.’